A sobrevida estimada no Brasil por câncer na faixa etária até 19 anos é de 64%. O índice foi calculado com base nas informações de incidência da doença e mortalidade. O dado inédito foi divulgado hoje (24) pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) e pelo Ministério da Saúde (MS) em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil (23 de novembro) e ao Dia Nacional de Combate ao Câncer (27 de novembro).
O estudo do Inca/MS apontou que a sobrevida de pacientes infantojuvenis com câncer varia de acordo com a região. Os índices são mais elevados nas regiões Sul (75%) e Sudeste (70%) do que Centro-Oeste (65%), Nordeste (60%) e Norte (50%).
“O nosso dado é bom, mas se considerarmos isso em relação aos países de alta renda ainda temos um caminho a seguir. Porque, hoje em dia, 80% das crianças acometidas por câncer em países de alta renda podem ser curadas”, afirmou a chefe do Serviço Oncologia Pediátrica do Inca, Sima Ferman, que estima que a sobrevida do paciente adulto com câncer no país está em torno de 60%.
A médica avalia que o Brasil tem desafios a enfrentar para melhorar o índice de cura. “O primeiro é que a criança chegue ao centro de tratamento numa fase mais inicial da doença. Hoje em dia, recebemos crianças com a doença muito avançada. Para isso, é necessário que haja maior acesso aos serviços de atenção primária, que a rede funcione melhor”, afirma Sima. “A maior parte dos serviços está nas regiões Sul e Sudeste e isso pode explicar essa diferença regional”.
Para contribuir com o diagnóstico precoce, é importante que pais e responsáveis saibam identificar os sinais e sintomas da doença, que muitas vezes são parecidos com os de doenças comuns da infância. “Qualquer sinal ou queixa que a criança tenha tem que ser valorizado, principalmente se for persistente”, diz a médica. “O câncer infantojuvenil é uma doença potencialmente curável, mas é necessário que o diagnóstico seja rápido, bem como o início do tratamento”.
Panorama do câncer infantojuvenil
Segundo o Inca, o câncer é a doença que mais mata crianças e adolescentes no Brasil e a segunda causa de óbito neste grupo etário, superada somente pelos acidentes e mortes violentas. Entre 2009 e 2013, o câncer foi a causa de cerca de 12% das mortes na faixa de 1 a 14 anos e 8% de 1 a 19 anos. Foram registradas 2.724 mortes por câncer infantojuvenil no Brasil em 2014, ano mais recente das informações compiladas pelo ministério.
O Inca estima a ocorrência de 12,6 mil novos casos de câncer na faixa etária até 19 anos em 2017. As leucemias representam o maior percentual de incidência (26%), seguida dos linfomas (14%) e tumores do sistema nervoso central (13%).
A estimativa da sobrevida para o câncer infantojuvenil é um índice baseado nas informações sobre a doença, obtidas dos registros de câncer de base populacional e do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Inca/MS.
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