Inaugurada em abril de 2022, a Escola Classe 52 de Taguatinga teve de ser reconstruída por causa de vários problemas estruturais. Demolida em 2019 por determinação judicial – não atendia aos padrões de acessibilidade nem aos requisitos de prevenção e combate a incêndios –, a escola foi reconstruída a partir de 2020. Em menos de dois anos de uso e já apresenta problemas que põem em risco a vida de quem usa o prédio.
As falhas já foram denunciadas e o Tribunal de Contas (TCDF), que apresentou um relatório citando os problemas da construção. Se o prédio anterior era um risco à segurança, o novo é pior. A obra, que custou R$ 8 milhões, não seguiu especificações básicas da construção civil. Seu formato foge completamente do planejamento arquitetônico das escolas da rede pública do DF, concebido por Anísio Teixeira em seu Plano de Construções Escolares de Brasília.
Anísio Teixeira presumia o atendimento escolar em diferentes níveis de ensino: elementar, médio e superior, funcionando de maneira conectada. A série de incorreções demonstra o desleixo do GDF com a Educação, o desrespeito com o projeto de educação em curso e o uso do dinheiro público de forma perdulária e sem compromisso.
A construção parece mais um arranjo feito de qualquer jeito e sem responsabilidade. Em maio deste ano, uma inspeção do Corpo de Bombeiros alertou a direção da escola sobre a possibilidade de interditá-la. Em abril, a Defesa Civil interditara o parquinho por falta de segurança e por oferecer perigo à vida das crianças.
Desgaste precoce – Samuel Fernandes, diretor do Sinpro, esteve na escola na semana passada e filmou os defeitos listados pelo TCDF e outros que estão fora da lista. Um deles é a caixa d’água com um vazamento tão sério que corre o risco de desabar.
Denúncias veiculadas na imprensa dão conta de que a obra foi realizada pela GCE S.A., contratada pelo GDF em 2020. Em 2022, o prédio de três pavimentos foi inaugurado com 19 salas de aula, quadra poliesportiva coberta, biblioteca, laboratório de informática, auditório. Mas, em meados de outubro, o TCDF expediu uma decisão dando 15 dias para a Secretaria de Educação se manifestar sobre as denúncias de desgaste precoce da edificação, infiltrações, falhas na pintura, rachaduras, vidros quebrados e com espessura inferior à prevista na licitação, além de ausência de estrutura para linha telefônica, entre outras irregularidades.
Ambiente impróprio – “Além do risco à saúde, o prédio é um risco para a educação. O projeto arquitetônico excluiu completamente a ideia de integração do indivíduo em um espaço dedicado à aprendizagem, às experimentações artísticas, corporais e funcionais diversas aplicadas nas escolas do DF. A edificação é burocrática, verticalizada, imprópria em todos os sentidos, conclui Samuel Fernandes.