O show de horrores diários na porta do Palácio da Alvorada terá menos audiência a partir desta terça-feira (26). Diante da escalada de ataques de seguidores de Jair Bolsonaro a jornalistas, vários veículos de comunicação decidiram tirar seus profissionais do local.
Os primeiros a tomar a decisão, que recebeu o apoio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), foram os Grupos Globo e Folha de S.Paulo. O Grupo Globo reúne veículos como o portal G1, os jornais o Globo e Valor Econômico e a TV Globo.
O Correio Braziliense já havia tomado a decisão há 45 dias. Segundo o principal jornal da Capital da República, “não apenas porque percebera que os apoiadores do presidente estavam cada vez mais exaltados”, mas “por motivos de saúde pública, pois a recomendação das autoridades é para que se evitem aglomerações e o contato próximo com pessoas sem a máscara”.
Na segunda-feira (25), cerca de 15 bolsonaristas agrediram verbalmente os profissionais da imprensa depois que o próprio Presidente respondeu que só falaria com os jornalistas “no dia em que vocês tiverem compromisso com a verdade”.
Na noite de segunda, a medida de não mais permanecer na entrada do alvorada foi seguida pelo site Metropoles, pela Band e pelo jornal O Estado de São Paulo. “No caso do Metrópoles, a suspensão perdurará enquanto o clima de hostilidade continuar e não houver condições para que os profissionais de imprensa possam trabalhar em segurança”, publicou o portal.
O que mais preocupa a categoria e os veículos de comunicação é que, embora a agressividade dos bolsonaristas aumente a cada nova manifestação, não se vê qualquer ação do governo, especialmente do Gabinete de Segurança Institucional e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República em garantir a integridade física dos jornalistas e o livre exercício da profissão.
A única providência foi separar os trabalhadores dos manifestantes com uma grade baixa, e a segurança só intervém após os ataques. Na segunda-feira, os mais exaltados partiram para cima dos trabalhadores com insultos como “ratos, escória, comprados, lixo”, sem que fossem interrompidos pelos seguranças.
Em nota, a ABI diz que apoia a decisão: “Esses ataques ganharam corpo e se tornaram mais graves, havendo, inclusive, agressões físicas a repórteres por parte da claque bolsonarista (…). A ABI saúda esta decisão”.