O primeiro dia de aula na rede pública de ensino do Distrito Federal não terá professores nas salas. O sindicato da categoria marcou para 23 de fevereiro — início do ano letivo — uma assembleia para discutir se entrará em greve. Segundo o Sinpro, o governo local deve, ao todo, R$ 120 milhões em benefícios atrasados aos docentes e propôs quitar a dívida em parcelas até junho. No entanto, representantes dos trabalhadores querem o pagamento à vista. Caso o Palácio do Buriti não apresente nova proposta, eles prometem nem começar as atividades nas escolas para atender aos 460 mil alunos matriculados.
- Advertisement -
Uma das alternativas do GDF para quitar os débitos é a aprovação da Antecipação de Receita Orçamentária (ARO), pelo Tesouro Nacional. A proposta passou pela Câmara Legislativa do DF, mas, por se tratar de uma operação de crédito, precisa do aval da União para se concretizar. O governo federal não tem prazo para dar a resposta, que pode demorar uma semana, um mês ou até ser recusada. “Marcamos assembleia para 23 de fevereiro justamente para discutir essa situação. O ideal seria o governo pagar tudo até o início das aulas ou, pelo menos, quitar as pendências o quanto antes. O calendário que prevê todos os pagamentos atrasados até o meio do ano não agrada à categoria (leia quadro)”, antecipa a diretora do Sinpro Rosilene Corrêa.
O início do ano letivo havia sido alterado em janeiro. Os alunos começariam os estudos em 9 de fevereiro, mas o governo adiou para 23, próxima segunda-feira. A intenção era reformar os colégios para receber os estudantes. “Somando a rescisão dos temporários, o adicional de férias e o 13º, a dívida chega a R$ 120 milhões. Muitos professores estão endividados, tiveram a programação com os filhos interrompida. Não vamos aceitar nada parcelado. Queremos integral, e um prazo concreto para recebermos”, completa Washington Dourado, também diretor do Sinpro.
Prejuízos
Enquanto isso, a estudante do 3º ano do ensino médio Caroline Moraes, 17 anos, está apreensiva. Matriculada no Colégio Paulo Freire, na Asa Norte, ela se sente em desvantagem para disputar o vestibular. A mãe dela, Vanessa Caroline Moraes Brito, 36 anos, entende as reivindicações dos professores, mas lamenta o prejuízo para a filha e os outros estudantes. “Eles estão prestes a fazer o vestibular. Tivemos um governo que não cumpriu com as obrigações e está causando problemas para todo mundo, mas a educação tem que ser prioridade”, acredita.