Na semana da 97ª Feira do Troca, no próximo sábado (2) e domingo (3), no distrito de Olhos d’Água, em Alexânia, a 90 quilômetros de Brasília, o clima de festa dá lugar à indignação e ao confronto. Tudo em função da decisão da Igreja Católica, de proibir o evento na Praça Santo Antônio, por se considerar dona da área.
Além de ter orientado o subprefeito Christian “Alemão” a não fazer qualquer tipo de manutenção no espaço nas últimas semanas, como limpeza do mato, corte de grama e recolhimento do lixo, o prefeito de Alexânia, Alysson Silva Lima, ainda atendeu à solicitação do padre Cleyton Francisco Garcia de derrubar as árvores da praça.
A medida não foi comunicada previamente aos moradores, surpreendidos na manhã desta segunda-feira (27) com uma máquina da prefeitura escavando as raízes para derrubar as árvores. A comunidade reagiu, e a dona de uma pousada identificada como Araci, que apoia as medidas encaminhadas pelo padre e pelo prefeito, tentou interceder. Alegando sentir-se ameaçada, ela chamou a Polícia Militar, que passou a proteger a ação dos funcionários da subprefeitura.
Luto – A grande maioria dos moradores de Olhos d’Água defende a tradição da Feira do Troca, que acontece há 49 anos e movimenta o comércio e o artesanato local a cada seis meses, sempre no primeiro fim de semana de junho e dezembro. Mas, este ano, o padre, com apoio da Arquidiocese de Anápolis, decidiu construir estações da Via Sacra no espaço onde são montados as barracas e os palcos para apresentação dos artistas.
Inconformados, os movimentos populares pediram ajuda ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e decidiram preparar um protesto, vestindo luto, e ocupando pacificamente a Praça Santo Antônio no sábado (2). O padre solicitou apoio do prefeito para isolar o acesso à área central da cidade durante o Troca. E, para surpresa e indignação, iniciou a derrubada de árvores sadias, que dão vida e sombra aos frequentadores da Praça.
Saiba+
A Feira do Troca acontece há 49 anos, na Praça Santo Antônio. Após a 96ª edição, em junho, o padre Cleyton anunciou, durante uma missa na Paróquia Imaculada Conceição, em Alexânia, que construiria, no gramado onde ocorre a concentração, “estações da Via Sacra”, restringindo o acesso de transeuntes.