Gutemberg Fialho (*)
O assunto “devolução de servidores cedidos ao IGES-DF” está sendo amplamente discutido em todos os lugares por onde tenho passado ultimamente. Durante entrevistas a veículos de comunicação e visitas a unidades de saúde, frequentemente sou questionado sobre o posicionamento do Sindicato dos Médicos em relação ao tema.
Acredito que ainda há muito o que ser discutido, já que os decretos emitidos foram escassos em informações e muitos profissionais estão perdidos sobre o que esperar. É crucial que se encontre uma solução baseada em planejamento e estratégias concretas. A decisão de devolução não pode ser simplista e sem planos de ação.
A história, como já mencionei, é conhecida por muitos, mas os decretos que envolvem a devolução dos servidores cedidos ao IGES-DF foram vagos e não esclareceram muitos detalhes. A questão que se coloca é que temos 1.640 profissionais das unidades administrativas do IGES-DF que podem ser forçados a retornar à Secretaria de Saúde, o que causaria diversos problemas e retrocessos em cenários que já estão estruturados, como a falta de oportunidades para desenvolvimento e capacitação da força de trabalho que já atua há muitos anos no Hospital de Base (HBDF) e no Hospital de Santa Maria (HRSM). É importante ressaltar que essa situação foi previamente identificada como um possível problema há muito tempo.
A possibilidade de devolução dos servidores da Secretaria de Saúde surgiu em 2020, num momento especialmente delicado durante a pandemia da covid-19. A medida poderia acarretar a perda de metade do corpo clínico das unidades de saúde, o que teria um impacto direto na manutenção do atendimento adequado aos pacientes e na continuidade dos serviços de alta complexidade ali oferecidos.
Antecipando os riscos dessa decisão, alertei o então presidente do IGES-DF, Paulo Ricardo Silva, e propus discutir uma estratégia mais adequada para a situação. Ele concordou que a medida recomendada pelo Ministério Público poderia trazer problemas para a assistência no HBDF e no HRSM. Eu continuo a ressaltar essa preocupação até hoje. É evidente que a devolução não foi bem planejada.
Para evitar os problemas com a volta dos servidores cedidos ao IGES-DF, agi em conjunto com a diretoria do SindMédico-DF para orientar os profissionais a enviarem suas denúncias através do canal de denúncias do sindicato. À época, o diretor clínico do HBDF, Weldson Pereira, enviou uma nota detalhando as consequências prejudiciais que a devolução dos servidores poderia causar, reforçando o que eu já havia discutido com o então presidente do IGES-DF.