Há exatos 12 meses, o governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou um pacote de obras viárias com potencial de transformar as vias do Distrito Federal e melhorar a rotina de milhares de pessoas que convivem diariamente com um mau que atinge as principais localidades urbanas do País: os congestionamentos ocasionados pela grande quantidade de carros nas pistas.
A lista era repleta de novidades e continha obras com poder de elevar os índices de aprovação do chefe do Executivo local. Por exemplo, o túnel de Taguatinga, que está a todo vapor e com previsão de ser inaugurado no final de 2022. Outras, menos espetaculares, também provocariam reações positivas na população.
É o caso do viaduto do Recanto das Emas, uma demanda de décadas da comunidade local e de outras regiões cujo trânsito passa por ali. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER), responsável pela obra, eliminaria o balão que hoje distribui o fluxo de veículos para Recanto, Riacho Fundo, Samambaia e Gama. Permaneceriam somente as emas que simbolizam a cidade.
Mas veio a pandemia e a maioria das obras teve de parar, mesmo antes de começar. Foi o caso do futuro viaduto do Recanto. Incomodado em não cumprir o que anunciara, de acordo com fontes palacianas, Ibaneis mandou tocar ficha na obra. No último dia 5 de março o mandatário colocou seu bloco na rua. Ou melhor, na DF-001, que liga Gama a Samambaia; Recanto ao Riacho Fundo.
Obra já começou
O maquinário que aportou naquele entroncamento chegou fazendo barulho. E chamou a atenção da moradora do Riacho Fundo Ângela Rocha, 31 anos. Ela diz que acompanha passo a passo as obras incipientes.
“Vi que já abriram as marginais para onde vão desviar o trânsito quando forem de fato mexer no balão”, observou a empresária. “Aqui a gente sofre bastante com engarrafamentos. Vai ser muito importante essa obra, que já deveria ter sido feita há muitos mandatos”, cobrou ela.
A construção do tão aguardado viaduto do Recanto é esperada pela população há mais de dez anos. Ela promete resolver o problema de trânsito em uma região por onde trafegam diariamente cerca 60 mil veículos. Com investimento de R$ 30,9 milhões, o recurso é proveniente do Governo do Distrito Federal e vai possibilitar a geração de cerca de 400 empregos.
A passagem, que vai substituir o balão, terá dois níveis: um inferior, por onde passará o fluxo que se desloca hoje do Gama a Samambaia; e outro erguido sobre a DF-001, ligando o Riacho Fundo ao Recanto das Emas. “O projeto já está pronto”, garantiu o superintendente de Obras do DER-DF, Cristiano Cavalcante.
Além do viaduto, a DF-001, que liga o Gama a Samambaia, também será toda recapeada e ganhará mais uma faixa nos dois sentidos. Uma parte, no sentido balão do Recanto das Emas a Samambaia, já foi restaurada.
População aposta: “Agora vai”
No dia de relançamento da obra, uma vez que o governo já havia lançado ela dentro do pacote de obras anunciado em 2020, o governador foi pessoalmente ao Recanto dar a boa notícia para os moradores.
“A obra é muito importante e vai beneficiar uma população enorme aqui do Recanto do Riacho Fundo, além do pessoal que visita a cidade e vai até o Gama. Estamos trabalhando desde o início do governo para liberar essa obra, que se inicia hoje e que certamente vai entrar para história de toda a região. Estamos muito felizes com isso”, disse Ibaneis.
Acostumado a trafegar pela via diariamente, o enfermeiro Gustavo Faustino, 32, endossa a iniciativa do GDF. Segundo ele, a passagem, do jeito que está, provoca engarrafamento capaz de invadir o Recanto e o Riacho. “A tendência é melhorar o trânsito e a vida das pessoas daqui”, acredita ele, que mora no Recanto há 18 anos. “De uns anos, para cá, o trânsito aqui tem ficado insuportável”, acrescenta.
O vendedor Fábio Henrique Morais, 41, sabe bem o que o vizinho está dizendo. “Pela manhã e no fim do dia, o trânsito praticamente para aqui. Eu convivo com esse problema há muito tempo. Desde então, só escuto promessa de governantes que dizem que vão fazer o viaduto e nada. Mas eu acho que agora (o viaduto) sai”, aposta.
O prazo de entrega do viaduto é de 360 dias. Até lá, o cenário da localidade será radicalmente alterado. Vão se incorporar ao trânsito caótico máquinas pesadas e a poeira levantada pelas escavadeiras.
Até as esculturas em formato de emas, que simbolizam a cidade, sairão de cena. Em seu lugar, surgirão placas com informações da obra (valor, empresar executora e prazo). É como diz o slogan do GDF: “Desculpe o transtorno. Estamos trabalhando para melhorar a nossa cidade”.