Em duas oportunidades, empresários e governantes tentaram, sem sucesso, trazer para Brasília o Parque da Disney. Se a Disney não veio, agora Brasília foi à Disney pelas redes sociais. Cantinhos do DF são retratados em cards no padrão Pixar-Disney. Eles se valem da estética de desenhos animados, como Toy Story, Monstros S.A. e Divertida Mente, dentre outros.
No caso do DF, é uma criativa e irônica forma de criticar o governo e cobrar soluções para as questões sociais. São destaque, a falta de urbanização e as enchentes em Vicente Pires; a precariedade sanitária do Sol Nascente e a insegurança do trânsito na BR-70, que margeia a Ceilândia rumo a Águas Lindas (GO.
Mobilidade e segurança – A mobilidade urbana é tema recorrente nessas cartelas digitais compartilhadas pelas redes sociais. Revelam que, apesar das múltiplas e milionárias obras de ampliação de vias, construção de túneis e viadutos, o brasiliense sofre com engarrafamentos e falta de transporte de qualidade.
O metrô abarrotado de passageiros e os ônibus velhos da empresa São José são alvos das críticas. E elas não param por aí. O Pixar de Águas Claras apresenta uma imensidão de arranha-céus, ruas abarrotadas de carros e pouco espaço para uma moça passear a pé com seu cão.
Em São Sebastião, o foco são as vias esburacadas, por onde pesados caminhões precisam trafegar em meio às residências. Taguatinga é apresentada numa visão futurística, onde se destaca o túnel Rei Pelé, mas a Praça do Relógio já não mais existe. Sobreviveu no meio da rua apenas uma nova torre para o relógio, semelhante a um foguete. Outro, também inspirado em Taguatinga, mostra que o túnel não acabou com os engarrafamentos.
O governador Ibaneis Rocha foi presenteado com um pixar próprio. De barba já branca e olhar vidrado para uma tela de TV, ele examina, ávido, uma autopista com doze faixas de rolamento, todas engarrafada.
Técnicas – As cartelas pixar são produzidas por diferentes autores desconhecidos e anônimos. Graças à gratuidade e às facilidades dos recursos da inteligência artificial, criar um pixar é a nova mania na internet. Muita gente brinca com os recursos, e a sátira política virou trend nas redes sociais.
Visões de Ceilândia
Ceilândia foi fonte de inspiração para, pelo menos, três cartelas. Uma olha o futuro. A icônica caixa d’água da cidade se transformou num disco-porto – semelhante ao que aparece no filme MIB – Homens de Preto -, com carros aéreos e espaçonaves voando ao seu redor. Se o futuro está no espaço, na terra, as casas continuam precárias e falta espaços para o lazer de seus moradores.
Em outra, a Feira do Rolo é vista como um bucólico espaço, um belo shopping ao ar livre. Já a terceira, olha para os dias de hoje: a insegurança e a violência são retratadas com operações policiais e até helicópteros. Parece uma daquelas comunidades cariocas tomadas por milícias ou pelo tráfico.