A campanha política começou para valer na terça-feira (13) com o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Em inserções que totalizam dois programas diários de 50 minutos, os partidos e coligações têm a possibilidade de apresentar o currículo e as propostas de seus candidatos em redes nacionais e regionais. Acredita-se que este é o momento de maior intimidade do eleitor com os políticos. Por isto, o tempo de propaganda é tão disputado e valioso.
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Entre os presidenciáveis, os discursos são cada vez mais antagônicos. Nos mais de 11 minutos de que dispõe, Dilma Rousseff (PT) tenta passar a imagem de uma pessoa mais humana, uma mulher comum e que está no poder para defender as minorias. O partido exagera nas imagens da presidente “nos braços do povo” e nas falas do ex-presidente Lula, que aparece mais do que a própria Dilma durante o programa. Na mais pitoresca das cenas, a presidente é mostrada cortando tomate em uma cozinha com cara de classe média.
O PSDB tenta passar a imagem de Aécio Neves como um grande estadista, homem de muitas obras e de aprovação exemplar em Minas Gerais, seu estado de origem e onde foi governador durante oito anos.
O PSB, agora de Marina Silva, usou o primeiro dia para falar de Eduardo Campos, seus ideais e benfeitorias em Pernambuco. \”Eduardo se revelou em sua morte. Os brasileiros passaram a conhecê-lo. Nosso destino comum está traçado no legado de Eduardo. Nossa palavra de ordem neste momento é crescer\”, disse Marina. A estratégia do programa soou um tanto arriscada, já que o ex-presidente do PSB aparecia pedindo voto para si em uma cena macabra.
Governadores
Entre os postulantes a governador do DF a briga é praticamente pessoal. Os programas trocam ofensas entre eles e exaltam as conquistas individuais de cada um. Agnelo (PT) insiste em dizer que a cidade nunca evoluiu tanto quanto em seu governo. Enumera várias obras e ações inovadoras, ainda que a contragosto dos outros candidatos, que discordam com tudo.
O mais veemente é José Roberto Arruda (PR). O ex-governador diz que Brasília parou e põe a culpa no PT e, principalmente, em Agnelo. Afirma que foi vitima de um golpe e gasta sua boa oratória para listar seus feitos como governador, mesmo tendo menos da metade do tempo de Agnelo. A parte cômica fica por conta do jingle do candidato que conta uma história de amor que foi interrompida, fazendo um paralelo com a saída dele do governo.
Rollemberg (PSB) também rendeu homenagens a Eduardo Campos. Propõe um governo novo, ataca os fichas sujas e critica o atual governo do DF. Tenta casar ao máximo sua imagem à do deputado José Antônio Reguffe e do senador Cristóvam Buarque, ambos do PDT. O primeiro é seu colega de chapa na disputa pela única vaga de senador.
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O candidato do PSDB, Luiz Carlos Pitiman deixou claro sua mais nobre função na disputa pelo Buriti: falar de Aécio Neves. Quando não fala do companheiro presidenciável exalta suas qualidades como empresário, gestor e pai de família. Toninho do PSOL usa o pouco tempo que tem para criticar Agnelo, a política e tudo o que os rodeia.
Na briga pelo Senado, Reguffe (PDT), o favorito, continua com o discurso de um mandato 100% ficha limpa, economizando verba de gabinete e dando exemplo aos outros. Usa o ditado “em time que está ganhando, não se mexe”. Magela abusa de lembrar seus feitos como secretário de Habitação e de imagens com Agnelo e Dilma. A decepção, para muitos, foi a propaganda de Gim. O senador petebista, que inovou com o jingle que faz paródia da música “o pintinho piu” e foi divulgado nas redes sociais, tem usado o mesmo discurso manjado e de bom moço de todos os outros candidatos. Mostra seus números no Senado e a quantidade de verba que trouxe para o DF e o Entorno. Tenta convencer o eleitor pelo que fez nos últimos sete anos.
Entre os deputados federais e distritais é muito difícil se destacar. Até porque, na prática, o eleitor assiste aos milésimos de segundos de fama dos candidatos mais para rir dos mais ridículos. De Mc Bandida a Furacão da CPI, tudo vira graça e piada na internet. Pelo menos assim quebra um pouco da monotonia que se torna a televisão nestes tempos.
Não é à toa que a audiência da TV fechada cresce consideravelmente durante este período da campanha política. Na primeira faixa política da TV (entre 13h e 13h50), os canais por assinatura cresceram cerca de 140% em audiência, ficando na frente até da toda poderosa Rede Globo, com 8,9 pontos ante 5,9 da emissora da família Marinho. Já na faixa noturna, o crescimento foi de 80%, onde as TV’s pagas registraram 16,4 pontos.
Talvez esteja na hora das propagandas eleitorais se reinventarem…