Márcia Turcato
Abre ao público nesta terça-feira (11), no CCBB Brasília, a exposição fotográfica “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”. As fotos são do próprio Nagakura e a curadoria é do escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras Ailton Krenak, com curadoria-adjunta de Ângela Pappiani, Eliza Otsuka e Priscyla Gomes.
A mostra apresenta 120 fotografias do premiado fotógrafo japonês Hiromi Nagakura, feitas em viagens com Krenak, principalmente pelo território amazônico, entre 1993 e 1998, além de objetos dos povos visitados e recursos de mediação e acessibilidade, como audiodescrições, objetos para manipulação do público, pranchas táteis e videolibras.
Segundo Krenak, a exposição traz algumas das belas imagens das viagens às aldeias e comunidades na Amazônia brasileira. “Momentos de intimidade e contentamento entre amigos para sempre inspiraram esta mostra fotográfica mediada por encontros com algumas das pessoas queridas que nos receberam em suas cozinhas e canoas, suas praias de rios e nas aldeias Ashaninka, Xavante, Krikati, Gavião, Yawanawá, Huni Kuin e comunidades ribeirinhas no rio Juruá e região do lavrado em Roraima”, destaca o curador.
As viagens passaram pelos estados do Acre, Roraima, Mato Grosso, Maranhão, São Paulo e Amazonas. Nos dias 12, 13, 14, 15 e 16 de junho será realizada uma série de eventos que discutem a cultura das etnias indígenas e o lugar de fala dos povos, sendo que no dia 12, às 19h, haverá uma palestra com Ailton Krenak. O ingresso para participar das atividades será disponibilizado no dia anterior a cada evento, a partir das 12h, no site ingressos.ccbb.com.br ou na bilheteria física.
A exposição – A exposição está dividida nos dois andares da Galeria 1. Logo na entrada, o visitante será recebido por cantos tradicionais das etnias representadas na exposição e visitadas por Nagakura e Krenak, com imagens que remetem à floresta e ao cerrado. Registros da vida nas aldeias, interação entre os membros das comunidades, rituais e costumes, levam a uma imersão nos povos da floresta, Huni Kuin, Yawanawá, Ashaninka e Yanomami.
Objetos de uso típico ou ritual poderão ser manuseados pelo público e terão audiodescrição. Os povos do cerrado, Krikati, Gavião e Xavante também foram fotografados e terão um espaço dedicado a eles e, em especial, às crianças.
A mostra conta ainda com registros em vídeos, que apresentam o trabalho de Nagakura em viagens por outros continentes, cenários de conflitos mundiais e rituais e celebrações típicas de povos ao redor do mundo, e outro, intitulado “Conversa na Rede”, produzido pelo Ciclo Selvagem, que apresenta um encontro entre Nagakura e Ailton, que juntos recontam trechos da viagem e aprofundam suas conversas sobre a floresta, a fotografia e o mundo.
O artista – Hiromi Nagakura nasceu em 1952, em Kushiro, ao norte da ilha de Hokkaido, no Japão. Desde criança, amou gente e natureza, interessado em pessoas e culturas de outros lugares do mundo. Foi então que sentiu a necessidade de documentar seus encontros e começou a praticar e se aperfeiçoar nas técnicas da fotografia.
Em 1979, com 27 anos, tornou-se fotojornalista independente, caminho que o levou a conhecer a África do Sul, Zimbábue, União Soviética, Afeganistão, Turquia, Líbano, El Salvador, Bolívia, Peru, Brasil, Indonésia, México, Groenlândia e vários outros países, em todos os continentes. Realizou centenas de viagens e exposições, publicou dezenas de livros, foi personagem de inúmeros documentários, escreveu reportagens, ministrou oficinas e palestras e recebeu dezenas de prêmios.