O Hemocentro do Distrito Federal não aceita doações de sangue feitas por pessoas que se declarem homossexuais. A proibição não é explícita, mas o que é efetivamente ocorre na triagem, segundo informam pessoas que passaram pelo processo e profissionais daquela unidade de saúde.
O estudante Matheus Pereira conta que quando foi ao Hemocentro fazer uma doação que ajudaria especificamente a mãe de uma amiga foi impedido devido à orientação sexual. “O que posso dizer é que me senti humilhado, um lixo, porque estava ali por vontade própria para ajudar outra pessoa”, afirma.
Guilherme Borges, também estudante, conta que já doou sangue duas vezes e só conseguiu fazê-lo porque não revelou a orientação sexual. “Acho frescura a proibição. Héteros também podem ter DSTs. Alguns héteros não se previnem. Quem recebe a doação não sabe se o sangue veio de homem, mulher, gay ou lésbica. Apenas quer se salvar”.
A enfermeira Celma Alves Cavalcante Nogueira concorda com a restrição, mesmo os gays não fazendo parte de um grupo de risco. “Os homossexuais não fazem parte de um grupo de risco, mas apresentam comportamentos de risco, o que os torna vulneráveis a doenças. Por isso concordo com a proibição”.
O médico Rodolfo Duarte, da Fundação Hemocentro, afirma que o órgão só pode fazer o que a lei determina. “Não há discriminação nesses atos, pois o local segue o que é determinado pela Anvisa. A regra trata sobre “experiências sexuais de risco”, e não exatamente sobre homossexuais.
No site do Hemocentro ou no próprio local, não é possível identificar quadros de restrições ou avisos sobre a proibição da doação de gays. O órgão afirma que isso ocorre porque homossexuais não são citados diretamente nas notas técnicas da Anvisa. A menção é a restrição a relações de risco, “incluindo a prática sexual de indivíduos do sexo masculino com outros indivíduos do mesmo sexo e/ou as parceiras sexuais destes”.
Gabriel Dias
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