O presidente da Empresa Brasil de Comunicação, Hélio Doyle, está criando um mecanismo inédito de diálogo e consulta do com os empregados da estatal. A cada três meses, ele se reunirá com funcionários da casa para ouvir demandas, sugestões e reivindicações. Os participantes serão sorteados entre os trabalhadores efetivos que não exercem funções de gerência ou assessoria.
A primeira “Conversa com o Presidente” será no dia 12 de junho, com 32 empregadas e empregados da EBC, que é responsável pela TV Brasil, rádios Nacional e MEC e Agência Brasil, além de prestar serviços de comunicação ao governo federal. Neste ano, haverá outras duas, em setembro e em novembro.
A cada encontro, 32 empregados do quadro permanente serão sorteados para participar da conversa, respeitando a proporção por gênero e diretoria da empresa na qual trabalham. Esses 32 representam 2% dos concursados, e até o final do ano, com três “conversas”, 7% dos 1,4 mil empregados terão participado da ação. Todos terão oportunidade de se manifestar. As reuniões vão durar cinco horas.
Segundo Doyle, o sorteio permite que todos tenham a oportunidade de participar e assegura que o conjunto dos empregados esteja representado por uma amostragem superior à geralmente usada em pesquisas qualitativas e quantitativas. “Será um mecanismo de consulta experimental, pois é inédito, e ao longo de sua execução vamos avaliar sua eficácia”, diz o presidente da EBC.
Transparência
Ampliar os mecanismos de transparência, participação e diálogo tem sido uma aposta da atual gestão para reconstruir as relações entre a direção da EBC e os empregados, deterioradas desde o governo Temer e duramente abaladas na gestão Bolsonaro, que minguou recursos, censurou conteúdos e tentou privatizar a empresa pública.
A nova diretoria destravou o dissídio coletivo que vinha se arrastando desde 2020 e assegurou, entre outros benefícios, um reajuste de 11,09% aos empregados. Assim que essa proposta for aprovada pelos sindicatos, o que deverá ocorrer nos próximos dias, será formada a mesa de negociação do acordo coletivo de trabalho de 2023 e iniciadas as consultas para a elaboração de um novo plano de cargos e remuneração, reivindicação antiga dos empregados.
“Não se administra bem uma empresa sem conhecer as preocupações, anseios, ideias, sugestões e reivindicações dos que nela trabalham”, afirma Doyle. “É preciso saber o que pensam as empregadas e empregados e entender que divergências e conflitos com a direção são inevitáveis. A questão é em que dimensão ocorrem e como superá-los, por meio de entendimento e negociação, em ambiente de respeito mútuo, para que a EBC possa ser reconstruída e cumpra efetivamente sua missão de empresa pública”.
A ideia é que a “Conversa com o Presidente” seja mais um espaço de diálogo na empresa e se some a outras instâncias representativas já atuantes, como a Comissão de Empregados, cujos membros são eleitos pelos funcionários do quadro, e os sindicatos dos Jornalistas e Radialistas do Distrito Federal, do Rio de Janeiro e de São Paulo. “Continuaremos ouvindo e nos reunindo com a comissão e com os sindicatos, instrumentos fundamentais para a representação dos empregados”, garante Doyle.