A indefinição sobre a corrida ao Governo de Brasília em 2018 causa alvoroço no ninho tucano. Enquanto o presidente do PSDB-DF, deputado Izalci Lucas, e seu grupo defendem candidatura própria, outras lideranças da sigla, como a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia, querem uma aliança com o PSB, para formar palanque para o presidenciável Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. O divisor de águas será a convenção que escolher o próximo presidente do diretório, provavelmente em fevereiro.
Se a eleição de Geraldo Alckmin à presidência nacional do PSDB diminuiu o racha interno, a convenção que empossou o pré-candidato ao Planalto, no dia 9 de dezembro, causou turbulência no diretório regional. O quebra-pau, que para Abadia “foi uma vergonha nacional” e “apequenou o partido”, evidenciou uma questão ainda sem resolução: com quem os tucanos se aliarão em 2018?
A permanência de Izalci na presidência e a nomeação de Abadia para a Secretaria de Projetos Estratégicos do GDF são os dois episódios que levaram à divisão do partido. A secretária quer o PSDB de mãos dadas com o PSB para garantir o apoio necessário à candidatura de Alckmin ao Planalto. Outras lideranças da legenda, como o deputado distrital Robério Negreiros, o ex-secretário de Obras Márcio Machado, o ex-deputado Milton Barbosa e Virgílio Neto, compactuam com este pensamento.
Em contrapartida, não assumiria o protagonismo em territórios conquistados pelos socialistas, como o DF e Pernambuco. “A Executiva Nacional é quem dá as autorizações e o nosso projeto é de Brasil. Mas, tudo com ele, é na canetada. Ele não consulta seus pares. Como eu havia dito, ele quer se autoproclamar governador”, disse Abadia.
Izalci
O deputado federal Izalci Lucas afirma que o PSDB tem controle. Ele diz que é consciente de que “existem tucanos com os interesses pessoais à frente dos do partido e em busca de cargos”. Para ele, a aproximação do Palácio do Buriti ao PSDB é uma forma de combater o principal adversário em 2018. “Apenas o PSDB pode tirar o atual governador de lá”, avalia.
“Só falta ele colocar nos classificados: secretaria disponível. O pré-requisito é ser do PSDB, contra o Izalci. Esse discurso de apoio ao Alckmin é conversa fiada. O vice dele é totalmente diferente do Rodrigo (Rollemberg). O PSB daqui já caminhou com o PSDB? Nunca. Eles caminham com o PT. Ele não vai apoiar o Alckmin, porque não cumpre o que promete. E, se apoiar, com essa rejeição de 90%, é pior”, disse Izalci.
O objetivo do deputado é lançar sua candidatura ao GDF no ano que vem para o PSDB voltar ao “protagonismo”. Em 2014, segundo ele, o candidato Luiz Pitiman foi lançado de forma isolada e sem o seu consentimento. “Tive mais votos para deputado do que ele para governador. Sabia que teria. Estou preparado para ser governador. Desde 2012 tenho um projeto para cada cidade a partir de consultas à comunidade”.
Briga pela presidência
O PSDB está desde 2011 sem eleições internas em virtude de uma intervenção nas zonais. No dia 29 de setembro, Izalci determinou outra intervenção, por 120 dias, que podem ser prorrogados pelo mesmo período. O motivo foi a ausência de lideranças do partido, que não puderam comparecer devido à antecipação da data do encontro. Sendo assim, os nomes foram escolhidos sem o consentimento de todos integrantes da cúpula do PSDB local.
“O partido não aguenta mais viver de intervenção. Ele se distanciou de todos depois que assumiu a presidência. Ele nunca quis concorrer e quer ser ungido presidente. Está bem nítido que vamos estar juntos com o PSB nas próximas eleições. Nosso foco é a presidência da República. Temos que eleger o Alckmin”, disse Virgílio Neto.
Izalci afirmou que desde 1998, quando entrou no PSDB, as intervenções são comuns, e que, quando há eleições, houve combinação na hora do voto. “A democracia, de fato, não existia”, disparou.