O que ficou evidente no último anúncio sobre os afastamentos por doença na Saúde do DF foi que este governo tem intenção clara de perseguir os servidores públicos e de tentar manipular a opinião pública contra eles. Os 30 acusados por ausências injustificadas ou adulterações nos atestados médicos representam apenas 0,09% dos servidores da Saúde. Um, entre mais de 4.800 médicos foi demitido.
Em dezembro de 2016, o secretário e o corregedor da Saúde faziam alarde na imprensa, afirmando que até 40% dos atestados homologados seriam fraudulentos. A notícia atual mostra que mentiam ou não sabiam do que estavam falando. Humberto Fonseca e seus subsecretários tratam o assunto como se fosse a causa do caos instalado nos hospitais, nas UPAs, no SAMU e no resto da rede pública. A verdade é o contrário: o adoecimento dos servidores é consequência da má gestão e da perversa rotina de perseguição e assédio moral no trabalho que se estabeleceu no governo Rollemberg.
O Conselho de Saúde do Distrito Federal apresentou, no início de agosto, denúncia ao procurador geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bessa, contra a Secretaria de Saúde por deixar de executar as medidas previstas para a gestão da saúde de seus servidores.
Desde que assumiu, o atual governo tem o exato conhecimento do problema e das medidas necessárias para solução. O Relatório do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração Pública (Consad) Câmaras Técnicas em Saúde do Servidor – Absenteísmo – Doença entre Servidores Estatutários Estaduais (julho/2014) apresentou números e causas dos afastamentos por doença, a maior parte decorrente de causas psicossociais, psiquiátricas e musculoesqueléticas – relacionadas às condições inadequadas de trabalho.
Isso inclui estruturas sucateadas, equipamentos quebrados, quantidade insuficiente de profissionais e sobrecarga de trabalho, falta de medicamentos e falta de materiais. Os profissionais da Saúde adoecem pelos mesmos motivos que os pacientes sofrem. Resolver os problemas da assistência à população equivale a investir na saúde do trabalhador.
No entanto, governo Rollemberg investe no caos. Para atingir seus objetivos (o atual é angariar apoio para se apropriar dos recursos da Previdência Social dos servidores), tenta voltar a opinião pública contra os servidores da Saúde, aumentando ainda mais a tensão na ponta do atendimento. E faz isso por meio de um secretário que só pôde assumir o cargo após exoneração, porque ocupava ilegalmente um cargo na própria Secretaria de Saúde do DF.