Fui convidada, semana passada, para participar de um programa de debate na TV Justiça, chamado Fórum. Eu e uma especialista em direito sanitário abordamos um tema que tem sido bastante falado nas últimas semanas, que trata de um acordo feito entre a indústria de alimentos e o Ministério da Saúde na tentativa de reduzir o sódio dos alimentos industrializados.
Na verdade, esse acordo voluntário existe desde 2011, e está sendo renovado agora em 2017. A meta é retirar 28,5 mil toneladas de sódio dos alimentos industrializados até 2020. Nesta fase, o foco é reduzir sódio de pães, bisnaguinhas e massas instantâneas.
O sódio tem a função de equilibrar os líquidos corporais e é fundamental para a transmissão dos impulsos nervosos. Ele influencia diretamente a contração e o relaxamento dos músculos. Tanto o excesso quanto a falta de sódio podem prejudicar o corpo.
O consumo excessivo de sódio está relacionado com o desenvolvimento de hipertensão arterial, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) e doenças renais. Indivíduos obesos e com resistência à insulina, como no caso de diabetes tipo 2, são mais sensíveis às alterações de sódio na dieta.
Um levantamento feito nos Estados Unidos mostra quais as principais origens do sódio na dieta: 5% são adicionados durante o preparo do alimento, 6% quando se ingere o alimento (na salada por exemplo), 12% está contido naturalmente nos alimentos e 77% provêm de alimentos processados e industrializados.
Apesar de ter sido um levantamento norte-americano, os brasileiros apresentam consumo semelhante, de acordo com as últimas pesquisas em orçamentos familiares (POF) que evidenciaram elevado consumo pela nossa população de produtos alimentícios ultraprocessados.
De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, a recomendação de sal não deve ultrapassar 5 g por dia (2 g de sódio). O consumo de sal de cozinha médio do brasileiro é de 12 g diárias, ou seja, mais que o dobro da recomendação máxima.
Imaginem se somarmos o sódio dos industrializados? Realmente trata-se de um quadro assustador.
A questão agora é: será que a indústria vai cumprir o acordo, já que não há punição prevista? Qual o interesse nisso? Afinal, a indústria visa lucro…
Vamos aguardar o que virá!