A ameaça do presidente Jair Bolsonaro, feita no domingo (29), de baixar um decreto para obrigar a população a voltar às ruas e às atividades normais causou indignação entre os governadores do nordeste. A avaliação foi feita em um grupo de WhatsApp com chefes de Executivos da região.
Para eles, Bolsonaro continua adotando atitudes extremistas em vez de dialogar e liderar a frente do combate contra a pandemia de coronavírus. As informações são dos jornalistas Renato Onofre e Talita Fernandes, da Folha de S.Paulo. A dupla apurou que os governadores acionarão a Justiça se Bolsonaro avançar na ideia do decreto para liberar o funcionamento de setores da economia e quebrar o isolamento social, considerado a mais importante medida preventiva por médicos, pela Organização Mundial da Saúde (órgão da ONU), e o Ministério da Saúde brasileiro.
Os governadores criticam o presidente por contrariar a orientação Ministério da Saúde ao circular por várias localidades do Distrito Federal cumprimentando populares. A postura põe Bolsonaro em conflito com os demais poderes da República, além de organismos internacionais e os governos de todo o mundo. Para eles, a situação é de emergência para conter o avanço da epidemia que espalha a morte pelo mundo. E dizem que vão reagir contra o eventual decreto do titular do Palácio do Planalto.
Rui Costa (PT), governador da Bahia, garante que os estados vão continuar acionando a Justiça caso alguma medida do governo federal ponha em risco a população. Helder Barbalho (MDB-PA), Paulo Câmara (PSB-PE), Wilson Witzel (PSC-RJ), Flávio Dino (PCdoB-MA) e Renato Casagrande (PSB-ES) reagiram às ameaças de Bolsonaro.