Tirar férias é o que pretende fazer o governador Agnelo Queiroz (PT) a partir de 1º de janeiro de 2015, quando deixa o Governo do Distrito Federal. Até lá, o trabalho deve ser intenso, ele garante. Ontem, o petista se reuniu por mais de três horas com os 31 administradores regionais do DF, na Residência Oficial de Águas Claras, para pedir que eles trabalhem “com a mesma dedicação do início do governo”.
“Agora, vamos ser muito mais presentes, mais rígidos”, pediu aos administradores, lembrando que eles são “a representação do governador em cada cidade”. Assim como fez com os secretários na semana passada, Agnelo encomendou aos administradores relatórios de atividades para prestação de contas dos quatro anos de gestão.
No ano que vem, Agnelo deve voltar aos quadros da Secretaria de Saúde, onde é lotado como médico cirurgião desde 1987. “Não estou pensando nisso ainda. Não tenho tempo. Eu trabalho 18, 19 horas por dia, de forma intensa, dedicada mesmo”, garante o governador.
Considerando a intensa vida política de Agnelo, ele pouco atuou na medicina. Entrou na Secretaria de Saúde do DF em 1987 e, em 1989, foi nomeado chefe de cirurgia do Hospital Regional do Gama. No ano seguinte, foi para a Câmara Legislativa, eleito distrital pelo PCdoB de 1990 a 1994. Até 2002, exerceu dois mandatos de deputado federal e foi ministro do Esporte de 2003 até 2006. Em 2007, tomou posse como diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), onde ficou até 2010, quando foi eleito governador pelo PT.
“Ser político”
Na política, ele garante que deve continuar. “Sou um ser político”, contou o petista, que diz ainda não ter planejado o futuro. “É natural que, nos primeiros dias, depois de quatro anos de intensa atividade e trabalho, possa tirar alguns dias. Eu não planejei ainda. Não tive nem tempo para isso”, explica. “Agora, é dedicação integral na gestão. Terminar bem o governo, manter a cidade funcionando. Esse é o grande objetivo”, completou. Para a vida pessoal, ele prefere dizer que vai fazer planos somente quando dezembro chegar.
Na semana passada, Agnelo reuniu os secretários de seu governo para pedir exatamente a mesma coisa: compromisso com o fim da gestão e elaboração de um balanço das ações dos quatro anos de governo. O objetivo, o governador repete sempre que pode: “Vou entregar um governo muito, muito, muito, muito melhor do que recebi”.
Uma agenda intensa de inaugurações
Depois da reunião, Agnelo disse que “tem uma quantidade enorme de obras importantes” que devem ser entregues até o fim do governo. “Tem um agenda enorme para atender nas cidades, uma quantidade enorme de obras em curso e que precisam de acompanhamento e empenho”, disse aos jornalistas.
O governador citou as 17 creches que ainda devem ser entregues até o fim do ano, pavimentação asfáltica, iluminação, construção de Pontos de Encontro Comunitário (PECs), obras de urbanização e reforma de escolas. O petista disse também que, depois de renovar a frota do transporte público, vai entregar mais 40 ônibus.
“E vou deixar ainda muitas grandes obras para o próximo governo”, prometeu, citando o Expresso DF Norte, que custará R$ 1 bilhão. Encaminhadas, segundo o petista, também ficarão as obras do túnel de Taguatinga e a ampliação do metrô. “A parte mais difícil está feita, que é preparar tudo isso, superar todas etapas que a lei exige. Agora, é fazer a obra”, garantiu.
Com direito a piada
Durante a reunião, de forma bem-humorada, o governador Agnelo conclamou os gestores ao trabalho incansável até o dia 31 de dezembro – frase que foi repetida em diversas oportunidades. E pediu disposição a todos eles. “Quem estiver cansado, pode falar comigo, que eu vou substituir”, disse, entre risos. Os administradores, porém, não acharam graça da piada do governador.
Ontem, o clima na Residência Oficial de Águas Claras estava mais leve, se comparado com o da reunião com o secretariado, realizada na sexta-feira da semana passada. O encontro, no entanto, foi um pouco mais demorado. A imprensa só pôde acompanhar um pequeno trecho da reunião, apenas para fazer imagens.
No final, depois de cumprimentar um por um os administradores de seu governo, Agnelo concedeu rápida entrevista coletiva, aos jornalistas presentes.
pontodevista
Na conversa com os jornalistas, o governador Agnelo Queiroz não fez menção às eleições de domingo, mas alfinetou os candidatos que concorrem ao GDF no segundo turno, ao citar a renovação de toda a frota do transporte público, considerada um dos maiores trunfos de seus quatro anos de governo. “É um outro sistema de transporte, que nem os candidatos que estão aí conhecem. Por isso, falam tanta besteira, que vão contratar, vão trazer não sei mais quantos ônibus. Hoje, não precisa ser mais dessa forma ”, provocou, citando o sistema criado para o transporte público no seu governo, de divisão do Distrito Federal em cinco bacias.