Será empossada na quarta-feira (14) a primeira diretoria da Associação Goiana dos Portadores da Doença de Chagas. A iniciativa é do Hospital das Clínicas, da Secretaria de Estado da Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Alexânia, município do Entorno do Distrito Federal a 80 quilômetros de Brasília.
Segundo a primeira presidente da entidade, professora Nilva Belo, moradora do distrito de Olhos d’Água, o objetivo é acolher pessoas infectadas pelo mal, muito comum no interior do Brasil. A iniciativa é da equipe de médicos dos ambulatórios de Doença de Chagas composta pelos doutores Alejandro Luquetti, Cicilio Alves e Liliane Siriano.
A data de fundação da associação coincide com o Dia Mundial da Doença de Chagas 14/04, incluído no calendário mundial da saúde em 2019 e comemorado oficialmente pela primeira vez em 2020. A nova entidade trabalhará para mobilizar a sociedade civil e os governos para a importância do debate sobre a doença. “É fundamental informar as pessoas a respeito da infecção causada pelo inseto barbeiro, muito comum em zonas rurais”, explica Nilva Belo.
Transmissão – De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que no Brasil cerca de 1,15 milhão de pessoas estão contaminadas pelo vírus Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. Outras 25,47 milhões residem em áreas de risco. Em 2017 o Ministério da Saúde comprovou 358 casos da doença de Chagas em fase aguda no País.
O principal vetor é o barbeiro (Triatoma brasiliensis). A infecção ocorre pela ingestão de alimentos como açaí ou cana de açúcar, e até em procedimentos como transfusão de sangue. Dados apontam que menos de 10% da população com a doença é diagnosticada. E apenas 1% dos diagnosticados com Chagas conseguem o tratamento antiparasitário.
Atualmente, a medicina possui dois medicamentos para o tratamento da doença – o Benznidazol e o Nifurtimox, utilizados tanto na fase crônica, quanto na aguda. Desde 1978, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás possui um serviço especializado em diagnóstico e tratamento aos portadores da doença: o Núcleo de Estudos da doença de Chagas (NEDOCH).
Este núcleo conta com especialistas em cardiologia, implante de marcapasso, megaesôfago, megacólon, biomédicos e técnicos em laboratório. Esse sistema funciona em parceria com o Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, o NEDOCH do HC-UFG, e o ambulatório de atendimento ao chagásico.