O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, determinou que os pedidos de abertura de inquérito contra cinco políticos do Distrito Federal fossem remetidos para outros foros e tribunais. Os ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), o ex-senador Gim Argello, o deputado distrital Robério Negreiros e o ex-secretário de Obras, Márcio Machado compõem a lista.
No documento do ministro, além de nomes de políticos, também são citadas obras realizadas no Distrito Federal, como a construção do Centro Administrativo – que custou R$ 1 bilhão. A obra foi iniciada no governo Arruda, do secretário de Obras Márcio Machado, e finalizada no final do governo Agnelo Queiroz (leia Super Anaxi). Em um dos dois inquéritos em que Arruda aparece, também está o nome de Sérgio de Andrade do Vale, não identificado pela reportagem.
A obra do Estádio Nacional Mané Garrincha tocada pelo governador Agnelo Queiroz e seu vice, Tadeu Fillippelli – avaliada em R$ 2 bilhões – também foi citada. Há pedido de abertura de inquérito para a Justiça Federal do DF investigar o suposto pagamento de vantagens indevidas no Projeto Habitacional Jardins Mangueiral.
Acusações
O ex-senador Gim Argello foi denunciado por delatores da Odebrecht de cobrar propina de empresários investigados pela Lava Jato para não convocá-los a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). À época, Gim era vice-presidente da sessão que investigava os desvios na Petrobras. Segundo ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, Cláudio Melo Filho, o político recebeu R$ 2,8 milhões nas campanhas de 2010 e 2014.
Cláudio Melo Filho também delatou contra Robério Negreiros, que recebeu R$ 50 mil da Braskem, empresa controlada pela Odebrecht, na campanha de 2014. O contato foi feito através do sogro do parlamentar.
Lista de Janot
Os políticos foram citados na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entregue no dia 14 de março ao STF, baseada na delação premiada dos 77 executivos da Odebrecht.. A lista ainda trazia os nomes do ex-deputado federal Geraldo Magela (PT) e do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), porém não especificava quanto cada um havia recebido. Os nomes dos políticos podem estar entre as 25 petições mantidas em sigilo.
Super Anaxi
O Brasília Capital denunciou em sua edição 191 (janeiro de 2015) que o habite-se do Centro Administrativo foi obtido em 12 horas. O personagem fundamental para esta façanha foi Anaximenes Vale dos Santos – o Super Anaxi –, que assumiu o cargo de administrador de Taguatinga no dia 30 de dezembro. Ele analisou um processo de 4 mil páginas no dia em que assumiu o posto e, no dia seguinte, às 10h, participou da inauguração do complexo ao lado de Agnelo Queiroz. O consórcio formado pela Via Engenharia e Odebrecht geraria uma despesa de R$ 17 milhões mensais ao GDF. Mas Rollemberg jamais pagou. O caso foi parar na Justiça.
Outro lado
Segundo Robério Negreiros, a doação de R$ 50 mil foi declarada e aprovada pelo partido pelo qual era filiado à época, o PMDB, sem ressalvas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF). A defesa de Arruda ainda não teve acesso aos autos do processo e acredita que não há qualquer ligação entre ele e a Odebrecht. Gim declarou que não vai se pronunciar. A reportagem não conseguiu contactar a defesa de Agnelo.}