O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, afirmou nesta segunda-feira (18) que o muro de 2 km erguido no gramado da Esplanada dos Ministérios para separar manifestantes contra e a favor do governo será erguido no local também para a votação do impeachment de Dilma no Senado Federal. A expectativa é de que o pleito aconteça entre 10 e 11 de maio.
\”As divisórias estão sendo retiradas. Quando tiver uma nova votação, em um ambiente de divisão e radicalização, nós retornaremos as divisórias. Não fomos nós que dividimos o Brasil. Há um ambiente de radicalização e o muro foi colocado para garantir que as pessoas pudessem se manifestar livremente e com segurança\”, diz Rollemberg.
A estrutura ficou montada no local desde o domingo anterior à votação e começou a ser retirada nesta segunda-feira por funcionários de uma empresa privada e 30 presos.
O governador considerou bem sucedida a operação de segurança durante as sessões da Câmara no fim de semana. Para Rollemberg, a divisão foi necessária para evitar que os manifestantes invadissem o prédio do Congresso Nacional. A medida foi estudada 15 dias antes da votação.
O chefe do Executivo disse que acompanhou os protestos desde as 14h até à 1h, de uma sala de monitoramento. \”Foi uma festa da democracia. Cabia ao governo garantir a segurança dos manifestantes. Um belo espetáculo em que 80 mil pessoas se manifestaram posições contrárias e o fizeram com segurança.\”
Para o comandante geral da Polícia Militar, coronel Marco Antônio Nunes, o último domingo foi considerado o dia com maior risco de todo o processo até o momento, por ter maior público. \”Nós realizamos apreensões de facões e rojões, mas não registramos ocorrências de brigas em nenhum momento. Felizmente foi a manifestação mais tranquila entre todas as que tivemos, em virtude do policiamento e das divisões dos alambrados colocados na Esplanada. Os grupos sequer conseguiram se enxergar.\”
Para as manifestações foram destacados 1,5 mil bombeiros, 350 agentes do Detran e 1 mil policiais civis. A Polícia Militar utilizou 11,5 mil homens desde segunda-feira (11).
O Serviço de Limpeza Urbana disponibilizou 350 garis, entre a noite do domingo e a manhã de segunda. O grupo removeu 10 toneladas de lixo após as manifestações.
No domingo, duas pessoas foram detidas por carregar rojões em mochilas. A proibição foi anunciada pela Secretaria de Segurança Pública durante a semana. Um dos detidos tinha um mandado de prisão em aberto. Outras duas pessoas foram presas suspeitas de tentar roubar carros na via S2.
O Corpo de Bombeiros registrou 52 atendimentos leves e cinco pessoas levadas para hospitais. Na sexta-feira, a Secretaria de Saúde afirmou que toda a rede de saúde estaria atenta para atendimentos quando fossem necessários. O Hospital de Base concentrou atendimentos de traumatologia e o Hran recebeu os atendimentos de clínica médica e oftalmologia.
Liberação negada
Na entrevista em que divulgou o balanço da segurança pública durante a votação do impeachment na Câmara, o governador Rollemberg disse ter recebido duas ligações do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), pedindo para que o espaço do gramado próximo ao espelho d\’água do Congresso Nacional fosse aberto aos manifestantes. O pedido foi negado para que \”a segurança dos manifestantes fosse garantida\”.
\”Nós não nos afastamos do protocolo de segurança em nenhum momento. O que se mostrou uma decisão correta, para evitar invasão do Congresso Nacional. As divisórias foram colocadas para garantir que os manifestantes o fizessem em segurança\”, afirmou Rollemberg.
O espaço entre a Alameda dos Estados e o espelho d\’água do Congresso foi fechado para evitar possíveis confrontos entre manifestantes. A decisão de bloquear o acesso foi tomada 15 dias antes, também com o intuito de evitar acidentes.
De acordo com o governo, a mobilidade dos manifestantes seria menor e a aglomeração de grande número de pessoas poderia aumentar risco de pisoteamentos em áreas próximas aos taludes que foram instalados no local.
Procurada pelo G1, a assessoria de Cunha disse que o presidência da Câmara procurou o governador no dia 9 de abril para pedir a liberação do espaço.
O GDF informou que o governador negociou com as lideranças dos grupos contra e a favor do impeachment e que os envolvidos chegaram à conclusão de que seria mais seguro manter o protocolo.