O perfil de obras viárias que o governo de Ibaneis Rocha (MDB) elencou para receber verbas federais no âmbito do no Novo Plano de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) reforça a preferência do GDF por soluções rodoviarista para a mobilidade urbana. Mais estradas, mais asfalto. O Novo PAC, anunciado pelo presidente Lula, conta com R$1,3 trilhão. Desse total, o pacote local de obras de mobilidade urbana contará com R$2,2 bilhões, mas para ampliar o serviço de transporte sobre trilhos, o GDF pretende destinar apenas R$400 milhões.
Quem deve se alegrar são os moradores do Setor O, da Ceilândia. Depois de décadas de espera, poderão ver o metrô chegar mais perto de casa. Os R$400 milhões são para concluir o último trecho da linha verde do Metrô de Brasília. Pronta, deverá ampliar em 12 mil passageiros/dia nos trens do metrô e contribuir para desafogar o trânsito. A obra não é grande, mas vai levar uns quatro anos para ser concluída. São 2,3 km de vias férreas duplas, nove viadutos e mais duas novas estações.
Sem integração
O traçado é antigo, previsto no projeto original e não foi adaptado às mudanças populacionais daquela região.
Estranhamente, não prevê integração de ônibus com metrô, no Terminal Rodoviário Setor O, localizado na QNO 14.
A linha terá ponto final entre as quadras QNO 15 e QNO 7. Na atualidade, melhor do que chegar ao terminal rodoviário, o ideal seria que as linhas fossem um pouco além. Atravessassem a BR-70 e lá fosse construído um terminal multimodal. Permitir-se-ia, assim, a integração de passageiros de ônibus provenientes do Entorno, em especial de Águas Lindas, hoje a maior cidade contígua ao DF, com 225 mil habitantes. Isso ocorrendo, reduziria bastante o trânsito de carros na Via Estrutural e no Pistão Norte.
Há no ar, contudo, uma desconfiança. Afinal, essa obra desde 2007 vem sendo contemplada nos PAC 1, 2, PAC da Mobilidade e PAC da Copa, mas nunca se materializou. As gestões de José Roberto Arruda (PL), Rogério Rosso (PSD), Agnelo Queiroz (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) perderam, sem dar explicações, a oportunidade de concluir a linha de Ceilândia. A demora tornou a obra ainda mais cara. Em 2018, o GDF informava à Agência Nacional de Transportes sobre Trilhos (ANTT) serem necessários R$405,8 milhões para o trecho de Ceilândia e a ampliação da Linha 1, entre a Rodoviária, do Plano Piloto e o HRAN. Agora essa quantia é suficiente apenas para Ceilândia.
Em todos esses PACs anteriores, a expansão do metrô rumo a Expansão de Samambaia e a Asa Norte, do Plano Piloto, com uma primeira estação na altura do HRAN; bem como a implantação do VLT, entre o aeroporto e a Asa Sul; foram contempladas e, igualmente, não usaram os recursos alocados. A ampliação do trecho de Samambaia chegou a ser licitada no ano passado, mas o TCDF embargou o edital e a licitação se encontra suspensa, sem previsão. Nesse novo PAC, contudo, o GDF não incluiu o trecho de metrô rumo à Asa Norte, nem mesmo o VLT, a maior parte da verba será aplicada em políticas rodoviarista de mobilidade. O trecho até a Galeria do Trabalhador (Hran-Setor Bancário Norte) foi sugerido pela Cia do Metrô para inclusão no Plano Plurianual – PPA de 2024/2027. Aguardemos.
Privatização
Importante salientar que o GDF tem como meta a privatização da gestão do metrô. Em 30 anos, a empresa vencedora receberia cerca de R$13 bilhões do GDF, a valores de 2019. Pelo edital, embargado em 2021 pelo TCDF, a empresa gestora não teria que ampliar as redes de metrô. Apenas operar o sistema e reformar os trens existentes. A criação de novas estações implicaria obrigatoriamente em reajuste dos valores a serem pagos.
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