O governador Rodrigo Rollemberg perde a oportunidade de demonstrar concretamente que se preocupa com os recursos hídricos do DF. Às vésperas da abertura, em Brasília, do Fórum Mundial das Águas, o GDF decidiu rejeitar o pleito de 22 entidades comunitárias que reivindicam a criação do Parque Ambiental do Córrego do Mato Seco. A ideia contou, inclusive, com apoio do senador Reguffe (sem partido), que sugeriu que o governador abraçasse a proposta.
Proposto, inicialmente, pela Amac-Park Way, em nome de moradores daquele bairro, o parque visa proteger as nascentes do córrego que é um dos principais tributários do Ribeirão do Gama. As nascentes do Mato Seco estão localizadas em área pública entre as quadras 27 e 28 do Park Way. Possui, aproximadamente 60 hectares e há dois anos foi alvo de um trabalho de recuperação ambiental pela Universidade de Brasília.
O local, perto do Catetinho, primeira residência oficial de Juscelino Kubitscheck em Brasília, vem sendo alvo de ocupações irregulares e grilagens. Numa das ações de grileiros, um braço menor do córrego foi aterrado. Na recente operação Água Viva, da Polícia Ambiental, verificou-se que o Mato Seco tem potencialidade hídrica importante, mas que vem sendo alvo de captação irregular de suas águas, além de desmatamento nas margens de sua calha.
A área do Parque está inserida na APA Gama – Cabeça do Veado, que envolve todo o Park Way e da qual fazem parte o Ribeirão do Gama e seus afluentes, com destaque para o Mato Seco. O complexo hídrico dessa APA responde por um terço das águas que chegam ao Paranoá e, pela baixa densidade urbana, é tida como uma água de melhor qualidade do que as advindas de ribeirões como Guará, Vicente Pires e Riacho Fundo, já afetados pelo lixo urbano.
O local ainda preserva fauna e flora ricas, com espécimes importantes, tais como lobo Guará, Suçuarana, macacos bugios, cobras e infinitas aves. Seu estado de preservação fez com que as autoridades ambientais escolhessem suas matas para reintroduzir animais silvestres apreendidos pela fiscalização.
Apesar de tudo isto, sem um estudo de campo, uma análise técnica presencial, o Ibram burocraticamente disse não ter recursos para criar um novo parque, e que os casos de degradação denunciados por questões de grilagem e por desmatamento sejam remetidos às autoridades fiscalizadoras. Fato que vem sendo feito há anos pelos moradores, mas que não resulta em solução para o problema.
Parece que o GDF prefere ver o problema se consolidar para depois tentar resolver, ou “regularizar” o ilegal, como é a palavra da moda em algumas esferas públicas. Enquanto isso, a grilagem avança, córregos e nascentes são soterrados, e flora e fauna típicas do cerrado desaparecem. Um belo panorama para que o governador Rodrigo Rollemberg comemore quando for abrir o Fórum Mundial das Águas.
Por que parou?
Desde dezembro de 2017, não se vê operários nem máquinas trabalhando nas obras de ampliação da EPAR (DF-47), que liga o Eixo Rodoviário ao Aeroporto. Nas laterais da via, em especial do lado do Jardim Zoológico, ficou só o buraco feito pelos serviços de terraplanagem.
Orçado em R$ 18.176.585,20, o projeto envolve os 2,1 quilômetros entre o fim do Eixão Sul e o terminal do Aeroporto e prevê novas faixas na lateral da via, novos acessos, tanto para quem vai do Plano Piloto ao Aeroporto quanto quem de lá é proveniente; bem como para os que se dirigem ao Lago Sul, Park Way, Gama e Santa Maria.
Também está prevista a instalação de nova sinalização e de ciclovia. Rumores dão conta de que a “culpa” é da falta de recursos no GDF. O DER, depois de muita demora em responder, afirmou que a obra não parou, mas que aguarda licença ambiental do Ibram. O Ibram, por sua vez, afirma que a licença já foi concedida. Na verdade, concedida ainda no governo Agnelo, encerrado há mais de três anos.