A partir desta quinta-feira (8), a Galeria dos Estados, recentemente reinaugurada pelo GDF, transforma-se numa extensa galeria de arte, que compreenderá obras de 100 artistas urbanos. Organizado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), o IV Encontro do Graffiti, que segue até domingo (11), selecionou os grafiteiros para ocupar o espaço com suas criações.
“A sociedade civil espera essa intervenção urbana que anunciamos assim que a Galeria dos Estados foi inaugurada. Esse trabalho, além de gerar renda para os participantes, é reflexo de uma Brasília sintonizada com a força da arte urbana”, observa o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.
Os selecionados pelo edital de chamamento público farão a pintura do viaduto da Galeria dos Estados, que é composta por sete colunas com aproximadamente 95m². Cada artista terá dois dias para executar sua obra de tema livre em uma área de 10 a 29m² e receberá um cachê de R$ 1,5 mil.
As áreas que serão preenchidas foram sorteadas pelo Comitê Permanente do Grafite em uma live comandada pela Secec no sábado (3), no perfil da secretaria no Instagram.
Os artistas obedecem às normas de prevenção à covid-19, além de contarem com equipamentos de proteção individual (EPIs) e segurança para que o trabalho possa ser feito em paredes mais altas. Os grafiteiros farão revezamento com a finalidade de assegurar o distanciamento social.
À frente da iniciativa, a subsecretária de Economia Criativa, Érica Lewis, aponta que o Encontro de Graffiti democratiza o acesso à cultura e contribui para a valorização da arte urbana por meio do trabalho dos grafiteiros no DF. “A seleção dos artistas, por meio do edital, é sempre uma grande oportunidade de impulsionar o interesse pelo espaço urbano e dar visibilidade à arte”, diz.
Por meio de edital de chamamento público, foram selecionados 70 artistas homens e 30 artistas mulheres (cota de 30% proposta pela Secec). Para além de assegurar a presença de diversos gêneros, a pasta também busca representar culturalmente todas as regiões administrativas e o Entorno. Um dos berços do hip-hop nacional, Ceilândia foi a região administrativa (RA) com maior número de escolhidos.
Confira abaixo a distribuição:
- Ceilândia: 19%;
- Recanto das Emas: 10%;
- Guará: 9%;
- Plano Piloto: 8%;
- Sobradinho: 6%;
- Riacho Fundo: 6%;
- Planaltina: 6%;
- Taguatinga: 5%;
- Águas Lindas: 4%;
- Santa Maria: 4%;
- Valparaíso: 3%;
- Águas Claras: 2%;
- Gama: 2%;
- Paranoá: 2%;
- Samambaia: 2%;
- Jardim Botânico 2%;
- Demais RAs: 10% (Areal, Arniqueira, Cruzeiro, Itapoã, Lago Norte, Lucio Costa, Luziânia, Novo Gama, Park Way, São Sebastião, Sudoeste e Vicente Pires).
Estilos espalhados
Paulo Sérgio, conhecido no grafite como Corujito, conta que o evento é muito esperado por seu grupo, principalmente pelo adiamento ocasionado pela pandemia. “Será um momento histórico, que reunirá gerações de artistas urbanos da capital”, diz.
Morador de Brasília e artista visual que utiliza de técnicas como pintura, escultura, gravura e fotografia em suas criações, Corujito começou a pintar na rua e representar o elemento do grafite na adolescência, por curiosidade com as escritas emboladas que via pela cidade. Dessa forma, foi apresentado à cultura hip-hop e, desde então, é admirador e praticante da arte. “Aonde vou, levo os princípios base do hip-hop: amor, paz, união e diversão”, conta.
Força feminina
Naiana Alves, no grafite conhecida como Nati, iniciou na arte de rua em 2006. Ela pertence à primeira geração de grafite feminino do DF. Com 32 anos, também trabalha com tatuagem, ilustrações e, desde 2020, como empresária sócia da MDR Graffiti Shop, uma loja especializada em materiais de grafite e arte em Ceilândia Norte.
“Faço personagens femininas, chamo-as de meninas-flores. Elas são coloridas e lúdicas; gosto de retratar o feminino e sua relação com a natureza.”Naiana Alves, a Nati, empresária que trabalha com arte-grafite, tatuagem e ilustrações
“Estou ansiosa para o evento; sempre vi muitos grafites naquele local, é um lugar de referência. Por esse motivo, eu me sinto muito animada. Meu grupo optou por fazer uma pintura utilizando toda a altura da parede, então vou fazer minha personagem bem grande. Isso será um desafio, o que me deixa mais pilhada para o evento”, diz Nati.
A artista expõe como é ser uma mulher no hip-hop. Ela relata que sempre ocorreu a presença feminina, mas não em grande quantidade. A cena, ainda que dominada por homens, apresenta cada vez mais mulheres que lutam por espaço. Nati, em 2006, contava com a companhia de mais nove mulheres. Em 2021, um grupo do qual participa tem mais de 60 mulheres do DF e do Entorno, participantes e construtoras dessa cultura.
A presença feminina diversifica e traz um novo observar para as manifestações artísticas. A representatividade ajuda a inspirar novas mulheres e crianças a profissões massivamente dominadas por homens. “Faço personagens femininas, chamo-as de meninas-flores. Elas são coloridas e lúdicas; gosto de retratar o feminino e sua relação com a natureza”, conclui Nati.
Programação diária, a partir de quinta-feira (8)
- 9h – Recepção dos artistas
- 9h30 – Início dos trabalhos de pintura
- 12h30 às 14h – Intervalo para almoço
- 18h – encerramento das atividades do dia
*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa