Francisca Rocha
Usuários da rede pública de saúde do Distrito Federal foram pegos de surpresa com o ponto facultativo dos servidores do setor na terça-feira (6), véspera do feriado da Independência do Brasil. Muitos tinham consultas e exames marcados nos hospitais públicos, outros tinham que entregar exames pré-operatórios e marcar cirurgias. Todos esperam há muito tempo pelos serviços na fila chamada “regulação”. A pergunta que fazem é: “quanto tempo vamos ter de esperar novamente?”.
Maria do Socorro da Silva, vendedora ambulante, espera por cirurgia no útero há muito tempo. Na terça (6), iria entregar seus exames pré-operatórios para marcar a cirurgia. É a segunda vez que faz todos os exames. “Da primeira vez, fiz uma bateria de exames, inclusive em clínicas particulares, pedindo dinheiro emprestado, e não consegui fazer a cirurgia. Uma médica disse que não havia material. Depois ficaram discutindo o meu caso e fiquei na regulação com o conceito vermelho. Após uma eternidade, uma pessoa amiga me levou à Defensoria Pública. Só a partir daí a coisa andou. Marcaram uma consulta, pediram os exames pré-operatórios. Fiz os exames, paguei o risco cirúrgico e iria entregar tudo e consultar no dia 6, quando saberia a data da cirurgia. Minha dúvida é se vou voltar para a regulação. Vou tentar falar com a médica, na próxima semana. Seja o que Deus quiser”, afirma Socorro. Ela diz que se não conseguir atendimento voltará à Defensoria.
Motorista de Uber, Leônidas de Souza estava marcado para fazer os exames para operar da próstata. Porém, foi surpreendido pelo ponto facultativo. “Estou decepcionado por ter que esperar mais tempo para marcar a cirurgia. Não posso pagar esses exames particulares. Vou tentar saber o que fazer voltando ao hospital”. Ele reclama de dificuldade para urinar.
Outros usuários reclamaram, mas não quiseram se identificar por medo de represálias. São unânimes em afirmar que estão cansados de esperar para serem atendidos. Tem gente aguardando há mais de um ano na “regulação”. Alguns sugerem que na oportunidade de fazerem os exames pré-operatórios, o sistema de saúde poderia facilitar a realização destes, como os de imagens, eletrocardiogramas e consultas com o cardiologista responsável pelo risco cirúrgico.