A rotina do brasiliense tem ficado mais estressante nos últimos tempos. Em qualquer horário que se saia de casa, inclusive nos fins de semana, as pistas estão lotadas e sempre engarrafadas.
O grande número de obras do governo em algumas das principais vias é um transtorno passageiro para melhorias futuras. Mas o crescimento da frota de veículos e a baixa qualidade dos transportes públicos – metrô e ônibus – complicam ainda mais a situação.
Na quarta-feira (13), o número de veículos particulares emplacados no Distrito Federal atingiu a marca de 2 milhões, segundo dados do Detran. O DF lidera o ranking no quesito unidades da Federação que mais usam carros e em último lugar quanto ao uso de transporte público como principal meio de mobilidade.
Cabeça, tronco e rodas
Desde a inauguração, Brasília pegou a fama de ser uma cidade onde as pessoas têm cabeça, tronco e rodas. A virada para 1 milhão de carros aconteceu em setembro de 2008, quando o DF completava 11 anos da era do respeito à faixa de pedestres e das campanhas para reduzir o número de acidentes de trânsito com vítimas fatais.
Desde então, muita coisa mudou. Em 1997, quando o então governador Cristovam Buarque lançou a campanha Paz no Trânsito e inaugurou a primeira faixa de pedestres, haviam morrido 266 pessoas atropeladas no DF. Em 2022, foram 50 vítimas fatais. Uma queda de mais de 80% no número de mortes.
Transporte público – Alguns dos motivos de os brasilienses preferirem o carro ao transporte público são as condições da frota, o preço das passagens e o tempo que se perde esperando um ônibus em qualquer lugar do DF.
Em 2013, todas as empresas que operam na capital assinaram um contrato para renovar toda a frota em sete anos. Dez anos depois, poucas cumpriram o contrato, mesmo tendo recebido concessões de dilatação dos prazos, aprovada em fevereiro de 2022 pela Câmara Legislativa.
Outro fator que contribuiu para reduzir o uso de ônibus e metrô foi a pandemia. Depois da covid-19, as empresas amargaram uma redução de mais de 20% no número de passageiros, o que levou o GDF a dobrar o subsídio para compensação às empresas – de R$ 500 millhões para R$ 1 bilhão este ano.