A CPI da Pandemia tomou, nesta semana, duas atitudes enérgicas que podem ter sido essenciais para a manutenção da credibilidade da investigação dos senadores e para moralizar os depoimentos prestados por testemunhas ou investigados.
Na quarta-feira (7), o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), determinou a prisão de Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Na quinta (8), os senadores enviaram carta ao Planalto cobrando posicionamento do presidente Jair Bolsonaro sobre as acusações do deputado Luís Miranda (DEM-DF).
Dias foi acusado de mentir em relação à acusação de pedir propina no episódio da oferta de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca pela empresa americana Davati. A prisão foi confirmada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que afirmou ter confiança nos trabalhos da CPI.
Detido pela Polícia Legislativa, Dias pagou fiança de R$ 1.100 e foi liberado. O recado aos demais depoentes, no entanto, foi dado. Para o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), a prisão foi “pedagógica”. O vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-RO) espera que a prisão sirva para que todos os futuros depoentes repensem suas falas e possíveis mentiras.
Na carta, a CPI cobrou explicações de Bolsonaro sobre a acusação de que o governo teria pedido US$ 1 de propina por dose da vacina Covaxin. “Solicitamos, em caráter de urgência, diante da gravidade das imputações feitas a uma figura central desta administração, que Vossa Excelência desminta ou confirme o teor das declarações do deputado Luís Miranda”. Horas depois, numa live, o presidente, mais uma vez perdeu a compostura: “Caguei para a CPI”, disse, em alusão à carta.