Se o primeiro dia do Torneio Internacional de futebol feminino for decisivo para a eleição de melhor jogadora do mundo, as duas favoritas — Marta e Abby Wambach — estão em maus lençóis: na rodada dupla desta quarta-feira, quem brilhou foi a volante Formiga, com dois gols marcados, muita dedicação e uma bola no travessão. A atleta mais experiente da Seleção Brasileira comandou o time na vitória por 4 x 0 sobre a Argentina e pôde comemorar ainda mais por causa do outro resultado da noite. Mais cedo, os Estados Unidos interromperam a sequência de oito vitórias consecutivas ao empatarem com a China, por 1 x 1.
O time norte-americano desembarcou em Brasília como franco favorito — condição assumida pelas próprias norte-americanas nas entrevistas durante a semana. Toda a pompa, no entanto, se desfez logo na estreia. Não bastasse a igualdade no placar, a equipe teve poucas chances e ainda usou a atacante Abby Wambach apenas nos 45 minutos finais.
A concorrente de Marta ao prêmio de melhor do mundo esteve pouco participativa e deu apenas uma cabeçada ao gol, já nos acréscimos, mas sem perigo. Melhor para a número 10 brasileira, que só não marcou o dela nos 4 x 0 sobre a Argentina porque teve o gol anulado de forma equivocada, após lindo domínio dentro da área e conclusão certeira.
Antes da partida, Marta havia falado que iria jogar para o grupo, mas que não descartava a chance de, durante o torneio na capital do país, ganhar os votos dos indecisos ao título de melhor do planeta — que pode ser o sexto dela. Depois de o Brasil abrir o placar com Debinha aos 13 minutos, porém, a atacante se sentiu à vontade para dar um show à parte. Deu passe de letra, chapéu e distribuiu assistências. Diante da única seleção do quadrangular que não jogará a Copa do Mundo do ano que vem, a única arma das hermanas foi mesmo a catimba, uma forma de tentar impedir uma goleada ainda maior.
Mesmo assim, a camisa 10 da Seleção não concentrou toda a atenção da torcida. A experiente Formiga, que completará 20 anos com a camisa da Seleção em 2015 e trocou a camisa 8 pela 20 em homenagem própria, arrancou gritos das arquibancadas a cada toque na bola. Ainda no primeiro tempo brindou os 3.204 pagantes com um chute na trave de fora da área e, depois, com mais dois gols, um em cada tempo.
Bastou o Brasil imprimir uma marcação ofensiva para não sofrer ameaças. No ataque, a Seleção empolgou ainda mais no fim do segundo tempo, quando só não ampliou a goleada por conta do travessão e do equívoco da arbitragem em anular o primeiro gol de Marta nesta edição.
As atuações das duas candidatas à decisão do torneio foram opostas nos jogos de estreia. Enquanto as brasileiras saíram satisfeitas, as norte-americanas tiveram de posar para as fotos com um sorriso amarelo pelo empate, após atuarem de forma sonolenta durante todo o jogo. O adversário do Brasil foi o mais fraco do quadrangular, o que não diminui a satisfação pela bela atuação diante da própria torcida. Aos Estados Unidos, cabe a preocupação de acordar a tempo de compensar a frustração: domingo, as americanas enfrentam as donas da casa. E um novo tropeço já poderá acabar com qualquer chance de título.