Ô abre alas, que eu quero passar!, exclamaria Chiquinha Gonzaga puxando os blocos que aderiram â Folia com Respeito, movimento que pretende isolar aqueles para quem o carnaval é um desfile de violência, racismo e de assédio às mulheres.
Que sofrem quando não conseguem entender palavras tão simples: Não é Não.
Ao mesmo tempo, o pessoal do grupo pede respeito ao patrimônio, acessibilidade, limpeza de ruas, avenidas, e outras coisas civilizadas, que são desrespeitadas e a culpa sempre cai na bebedeira.
Alguns carnavalescos têm até a desculpa ensaiada: “Exagerei no álcool, cara. Já fiz xixi até na porta do meu apartamento. Pode?”.
Não pode, embora seja desculpa institucionalizada – e aceita, pois nenhuma porta de casa vai reclamar da agressão.
Por isso é preciso tomar cuidado, além de boa vontade.
Para quem desrespeita o Não é Não, o abre alas da Chiquinha Gonzaga só tem uma explicação: um ranço de 1889, época em que a sociedade reagia com desprezo às mulheres que queriam rosas e jardineiras atropelando as crenças da época.