Parque de Águas Claras e Área de Proteção Ambiental do Primavera, em Taguatinga, sofrem três incêndios em um semana
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Num intervalo de seis dias, dois parques ecológicos do Distrito Federal sofreram três incêndios. Em pelo menos uma das ocorrências – na Área de Proteção Permanente (APP) do antigo Clube Primavera, em Taguatinga – a causa foi a ação humana: cerca de 400 sem-terra do Movimento de Resistência Popular (MRP), remanejados há um mês para o local pelo Governo de Brasília, atearam fogo à mata, no final da tarde de sexta-feira (9) para construir alojamentos e barracos. Eles se revoltaram ao receberem a notícia de que terão de desocupar a área até o final de novembro, por determinação do governador Rodrigo Rollemberg em cumprimento a uma decisão judicial.
Na quarta-feira (14) e na quinta (15), o Parque de Águas Claras sofreu com incêndios. Servidores do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), que estão em greve, apontam a falta de funcionários nos parques como razão para os desastres. Moradores vizinhos do Parque ficaram assustados. Contam que bastava abrir a janela para perceber a gravidade do incêndio, que teve início por volta das 17h30.
As chamas arderam durante mais de duas horas e meia, para desespero dos moradores que assistiam, perplexos, pelas janelas dos apartamentos, o trabalho de um grupo de dez homens do Corpo de Bombeiros que tentavam apagar o fogo. “Foi horrível. Nesse calor, o parque é o único lugar fresco e agradável para relaxar.Esperamos que a cena não se repita”, disse a aposentada Beth de Sá, 63 anos.
A situação ficou mais dramática quando as chamas atingiram um bambuzal e atingiram mais de 20 metros de altura, causando maior estrago ao meio ambiente. Um avião e mais duas viaturas foram acionadas para cercar as áreas afetadas, fazer aceiros e conter o fogo, que devastou 30.000 m² dos 861.000 m² da área total do Parque.
Até o final da tarde de sexta-feira (16), os bombeiros ainda não haviam descoberto as causas do incêndio. A única certeza é de que ele foi potencializado pelo clima seco em Brasília. Segundo a assessoria de imprensa do Ibram, apesar do susto, o foco de incêndio se concentrou nos eucaliptos na entrada do Parque e nas gramíneas. A vegetação nativa não foi atingida.
Na quinta-feira (15), outro incêndio de menor proporção atingiu a mesma área do Parque de Águas Claras. Contudo, em poucos minutos foi contido pelos próprios servidores do Ibram que faziam piquete na entrada principal da reserva para impedir o acesso de visitantes e usuários.
O maior incêndio registrado no Parque de Águas Claras ocorreu em 2012, quando o fogo chegou muito próximo às nascentes, comprometeu mata nativa e queimou cerca de 10 hectares. Hoje toda esta área queimada em 2012 já foi recuperada.
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Seca prolongada
Desde abril não chove com regularidade no Distrito Federal. Durante a seca prolongada – houve um período de 100 dias sem cair uma gota d’água – foram registrados 151 focos de incêndios, queimando 974,6 hectares de Cerrado.
Com a greve dos servidores do Ibram, 18 parques foram fechados. Entre eles, o Saburo Onoyama, em Taguatinga Sul ,o Parque da Asa Delta, na QL 12 do Lago Sul, e o da Ermida Dom Bosco, na QI 29. A falta de servidores para fiscalizar as dependências dos locais e de terceirizados da área de limpeza e segurança são os motivos para os portões permanecerem fechadas.