Em crise interna desde que foi criado, em 2022, o União Brasil caminha para expulsar, na próxima semana, o atual presidente Luciano Bivar. O ex-aliado de Jair Bolsonaro (PL) tem 72h, a partir do recebimento da intimação, para se defender das acusações de ameaça de morte contra o presidente eleito do partido, Antônio Rueda.
Na quarta-feira (13), a Comissão Executiva do União aprovou, por 17 votos a zero, o recebimento da representação de medida cautelar para afastamento da função e expulsão do deputado pernambucano. O pedido foi apresentado por governadores, deputados federais e senadores da agremiação.
À imprensa, Rueda agradeceu a solidariedade dos correligionários. Na segunda-feira (11), ele teve duas casas incendiadas no litoral de Pernambuco. A investigação da Polícia Civil do estado indica que o ato teria sido criminoso.
“Agradeço as palavras [de solidariedade] de todos. O fato é que ele me ameaçou. Conheço o Luciano Bivar há 25 anos e nunca o vi tão descontrolado. Essa presidência não é minha, é de todos. Meu propósito é trazer esse partido ao tamanho que ele merece”, disse.
O vice-presidente eleito, ACM Neto, garantiu que o processo seguiu todos os ritos previstos no estatuto. E afirmou que Rueda é um nome de confiança para que o partido retome o caminho natural de fazer política de forma democrática.
“O nome de Rueda para presidir o partido não partiu de um pleito pessoal dele. Muito pelo contrário. Não queríamos que o resultado da fusão fosse um cartório, e sim um partido. Nós temos agora essa oportunidade”.
“Gângster”
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, criticou a postura autoritária de Bivar, a quem chamou de “gângster”. “Não poderia imaginar que uma pessoa pode querer presidir um partido ameaçando as pessoas, incendiando casa, achando que pode ameaçar a filha do presidente. Ele não é dono do partido. Isso é postura de gângster”, disse Caiado.
Pré-candidato a presidente da República, Caiado tornou-se desafeto de Rueda, responsável pela indicação de três ministros do União para o governo Lula, com quem se comprometeu a apoiar sua candidatura à reeleição.
“O que estamos fazendo é voltando o partido ao seu leito normal, ou seja, onde toda a classe política tem voz ativa. O União Brasil não é monopólio, império, não é propriedade particular de ninguém”, resumiu o governador, que defende candidatura própria da legenda contra Lula.
Caso seja expulso do partido, Bivar pode perder o cargo de primeiro-secretário da Câmara dos Deputados. Informações divulgadas pelo Metrópoles dão conta de que o pernambucano teria encontrado o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do assunto. Lira teria pedido serenidade.