Qual o motivo que leva os donos do mundo e seus asseclas abaixo do Equador a terem medo das Ciências Humanas? Deu nos jornalões: as escolas públicas estão colocando fora do ar disciplinas que são fundamentais para se conhecer a humanidade como ela é: repleta de guerra, escravidão, preconceito etc.
Mas, como essa forma de conhecimento é execrada pelos poderosos, vai aqui um resumo da ópera: em São Paulo, perderam nada menos que 35% da carga horária as cadeiras de História, Geografia, Sociologia e Filosofia.
A devastação não começou agora, mas com Temer (lembra dele?), que facilitou as coisas para os mais chegados. Posso arriscar diversas razões para isso. Mas, como estamos em safra de citações correlatas (dia desses, neste espaço, era George Orwell e seu 1984), vamos agora com Fahrenheit 451, de Ray Bradbury.
Sim, é sobre aquele tempo, num futuro incerto, quando bombeiros tocavam fogo nos livros à temperatura adequada e a isso se dava o nome de ficção científica. (Favor não confundir 451 com Quatro Cinco Um, revista que trata exatamente de livros.)
O embuste começa ao se chamar de ficção científica relatos sobre novilíngua, incineração de livros e quejandos (!); o que há, no momento, são maneiras novas de inverter o sentido das palavras e impedir que as pessoas – por mais qualificadas que sejam – entendam o que acontece à sua volta.
Exemplo: retirar livros de Ciências Humanas do currículo a gente pode chamar de tudo. Ficção é que não é.