A trajetória de vida do ex-governador do Distrito Federal José Aparecido de Oliveira (1929-2007) virou filme e será mostrada durante o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – 2019. “José Aparecido de Oliveira – O Maior Mineiro do Mundo” será exibido dia 23 deste mês numa sessão especial no Cine Brasília como participante “Hors Concours”.
No dia 10 de dezembro, o documentário será apresentado apenas para convidados numa sessão às 18h30 no Espaço Itaú de Cinema, no Casa Park. Em seguida, haverá um coquetel na Livraria Cultura, onde o jornalista Petrônio Souza Gonçalves autografará o livro “José Aparecido – O Melhor Mineiro do Mundo”, uma coletânea de 19 textos sobre o ex-governador.
O filme – A ideia de fazer o filme surgiu em 2007, poucos dias antes do falecimento do ex-governador. Durante uma visita ao amigo, de quem foi chefe de gabinete da Embrafilme quando José Aparecido foi o primeiro ministro da Cultura do País, o cineasta Mário Lúcio Brandão Filho, 65 anos, fez a sugestão. “Ele reagiu dizendo que havia pessoas mais interessantes, e sugeriu alguma coisa sobre Oscar Niemeyer”, lembra Mário Lúcio.
“Argumentei que já havia feito um filme sobre o Niemeyer. Ele abriu um sorriso tímido, mineiramente concordando com minha proposta, embora sem fazer nenhum comentário. Então, aquilo virou um compromisso para mim”, conta o diretor, que desenvolveu toda a pesquisa sobre a vida do personagem e conduziu as mais de 45 entrevistas com pessoas que deram depoimentos sobre a relação que tiveram com José Aparecido.
Do dia da apresentação da ideia até o fechamento final da produção, no primeiro semestre deste ano, passaram-se 12 anos. O filme começou a ser produzido em 2013/2014, após a aprovação da captação de patrocínios na Ancine e início das primeiras captações de imagens e áudios, de acordo com a Lei do Audiovisual.
Nos 89 minutos de duração, a película mostra – além de depoimentos de personagens como o ex-presidente José Sarney; o ex-presidente do STF, Sepúlveda Pertence; a atriz Fernanda Montenegro; os cineastas Luís Carlos Barreto e Vladimir de Carvalho; os cartunistas Jaguar e Chico Caruso; os jornalistas Sebastião Nery e Silvestre Gorgulho, entre muitos outros – imagens de Brasília, de Belo Horizonte e da pequena Conceição do Mato Dentro, no interior de Minas Gerais, terra natal de José Aparecido.
Legado – Mário Lúcio e seu filho e sócio Gustavo Brandão, 45 anos, percorreram pontos como o Panteão da Pátria e a Casa do Cantador (Ceilândia) mostrando obras do ex-governador. Também falam do complemento da Catedral de Brasília, para a qual José Aparecido buscou os recursos para aquisição dos vitrais e construção da torre, além da limpeza do Lago Paranoá e início da democratização do uso de sua orla.
Foi também de José Aparecido a iniciativa de construir a Universidade da Paz, na Granja do Torto. “Interessante ele ter redirecionado o uso daquele espaço, que foi morada de dois artífices da ditadura militar – o ex-presidente João Baptista de Figueiredo e o ex-ministro Golberty do Couto e Silva.
“José Aparecido tem uma história importante. Com apenas 32 anos veio para Brasília como assessor do presidente Jânio Quadros com status de ministro, e teve papel fundamental na redemocratização do Brasil, vindo a ser governador nomeado da capital da República e o primeiro a comandar o Ministério da Cultura (MinC), criado por sugestão dele, no governo de José Sarney”, diz Mário Lúcio.
Para o diretor, o ex-governador era um homem público que “pensavam primeiro na comunidade em vez de em si. Tinha capacidade de diálogo. Era um conciliador que faz falta nos dias de hoje, quando a radicalização virou moda”. Ele concorda com o depoimento do ex-ministro Sepúlveda Pertence, que consta no filme: “Como seria bom um Aparecido vivo e vital. Para conversar, para dialogar civilizadamente, no meio deste ambiente de leviandade de um lado e vaidades explodindo de outro”.