De acordo com o deputado distrital Wellington Luiz (PMDB), vice-presidente da Câmara Legislativa, o nome do PMDB para a disputa pelo Palácio do Buriti em 2018 ainda é Tadeu Filippelli, apesar da prisão do presidente local da legenda. Categoricamente, em entrevista ao Brasília Capital, o parlamentar cravou: \”Nós continuamos com candidatura própria, inclusive com o nome de Tadeu Filippelli encabeçando a chapa\”.
Ele assegura, ainda, que não existe a menor possibilidade de seu partido fazer uma composição com Rodrigo Rollemberg, acusa o governador de sacrificar os moradores. Também sustenta que os peemedebistas continuarão como oposicionistas. No plano federal, reconhece que a situação de Michel Temer é grave por causa das denúncias, mas frisa que são necessárias provas para incriminar o presidente da República.
Confira a íntegra da entrevista do distrital ao Brasília Capital:
Qual sua projeção para as eleições de 2018 após as prisões dos ex-governadores Arruda e Agnelo, além do ex-vice Filippelli, investigados na Operação Panatenaico? O cenário é imprevisível. Qualquer coisa que se fale neste momento, em minha opinião, é açodada. Acho que tem muita coisa pra acontecer e que temos ainda muito tempo até a eleição.
O PMDB se manterá na oposição ao atual governo ou existe alguma chance de composição nos próximos meses até o início da campanha? Chance alguma. O PMDB não concorda com a linha desse governo, que tem imposto à população um grau de sofrimento jamais visto. Os números de insatisfação mostram isso claramente. Portanto, nós vamos continuar na oposição até o final do governo.
Devido ao constrangimento de ficar preso durante uma semana, o nome de Tadeu Filippelli está fora da corrida eleitoral do próximo ano? O PMDB pode apoiar um candidato de outro partido? Nós continuamos com candidatura própria, inclusive com nome do Tadeu Fillippeli encabeçando a chapa. Eu acho que houve sim um acidente de percurso, mas se provará a inocência dele e conseguiremos vir com o nome do Filippelli como o nosso candidato.
O senhor é oriundo da Polícia Civil, categoria que há mais de um ano luta para manter a isonomia com a Polícia Federal. Como está essa negociação com o GDF? É lamentável a forma como o governador Rodrigo Rollemberg tem tratado a Polícia Civil do Distrito Federal. O compromisso dele é essa isonomia, que além de histórica é legal, e ele reconhece isso. Há recursos. A própria Secretaria da Fazenda já se pronunciou a respeito disso. Então, não se entende essa postura do governador perante os policiais civis. Isso gera desgaste, desestímulo dos policiais e é ruim para a categoria, para o governo e pior ainda para a população.
O senhor acredita em retaliação pelo fato de a categoria historicamente apoiar adversários políticos do governador? Primeiro eu diria que é uma irresponsabilidade do governador. O que realmente o estimula a fazer isso é difícil da gente diagnosticar. Mas é importante dizer que ele sabe da responsabilidade dele. Ele já foi, inclusive, cobrado pelo governo federal a cumprir suas obrigações. E mesmo assim não o faz. Então o governo sabe que está errado e tem insistido. E vai pagar caro por isso.
Como ex-presidente da entidade, o senhor avalia que o Sinpol tem conduzido esse processo da melhor forma possível? É claro que a gente espera sempre uma condução que traga um resultado positivo. Mas, nesse caso, eu diria que o grande responsável pela falta de resultados é o governador. Acho que os sindicatos, tanto dos delegados, quanto dos policiais civis, buscaram de forma amistosa e dialogada encontrar uma saída. Mas o governo é irresponsável e não tem tratado a causa com a responsabilidade que deveria e infelizmente tem desrespeitado os policiais civis. Então ele é o grande responsável.
O senhor é vice-presidente da Câmara Legislativa, e a Casa tem passado por momentos difíceis, com operações da polícia dentro de gabinetes de deputados. Como avalia esta situação? Momento difícil! A política passa por uma necessidade de renovação, e estamos sendo cobrados por isso, o que é natural. Todas as vezes que isso acontece, a gente tem oportunidade de sair melhor do que entrou na crise. E temos trabalhado para isso. Estamos usando esses momentos para encontrar soluções. A nossa gestão tem feito isso. Essas dificuldades nós transformamos em propostas, e, é claro, estamos lidando com muita dificuldade, mas também com maturidade, com a consciência necessária e mostrando para a população que queremos fazer o melhor, dando transparência a tudo que se tem dentro da Casa.
Qual sua expectativa em termos de renovação dos 24 deputados distritais para o próximo exercício? É aquilo que eu disse no início. É complicado fazer agora qualquer previsão. Hoje, alguns deputados fazem o planejamento que talvez tenham que alterar no futuro, exatamente porque não sabemos o que vai acontecer com os partidos, a reforma, o financiamento de campanhas, quem vai ser candidato à reeleição, quem vai ser candidato até mesmo a governador. Então, temos aí um jogo de xadrez sem pedras, que ainda serão colocadas no tabuleiro.
O senhor vê algum deputado distrital com potencial para a disputa majoritária? Eu vejo alguns bons nomes que estariam prontos para essa condição. A gente não os lança por uma questão de preservá-los, mas com certeza temos excelentes nomes que estão na vida política há muito tempo e que se prepararam, caso haja necessidade, para disputar.
O governador Rollemberg saiu da base de sustentação do presidente Temer e fez críticas ao governo federal, depois de ter apoiado e ter conseguido várias obras para Brasília com dinheiro da União. Isso prejudica a cidade de alguma maneira? Prejudica. Isso demonstra a falta de maturidade do governo Rollemberg e a falta de responsabilidade que ele tem com a cidade. Ele é um oportunista, e mostrou isso claramente. Diante de uma crise, ele achou, naquele momento, uma forma de debandar. É uma irresponsabilidade, porque ele é um chefe de Estado. E tem que pensar na cidade e não nas questões partidárias.
O senhor acredita que Temer se manterá no cargo ou o afastamento dele é uma questão de tempo? Ele tem uma dificuldade muito grande – temos que ser sinceros. Agora, é um governo que tem prestado um excelente serviço à população – isso é indiscutível. É claro que nós temos uma dificuldade e que o governo está mostrando a sua força política e tem tentado tocar a vida normalmente. Mas não é um momento fácil. Não adianta a gente querer esconder e jogar isso para debaixo do tapete. Mas ainda tem muita coisa para acontecer.
Como policial, o senhor acha que o presidente tem culpa nas acusações de que é alvo? São coisas distintas, as acusações são gravíssimas. Mas se essas acusações têm fundamento, aí é outra coisa. Se realmente ficar provado que há materialidade, complica muito. Agora, tem que saber se tem ou não. As acusações são graves, mas não quer dizer que elas tenham sido praticadas, que houve dolo. Tem uma série de circunstâncias que precisam ser analisadas. É um monento de muita dificuldade, mas só quem está na investigação pode fazer uma análise mais aprofundada. A gente tem o hábito de fazer análise de futebol, todo mundo é técnico de futebol, todo mundo é especialista. Então é muito superficial a gente fazer uma análise à distância. Vejo a denúncia por si só como gravíssima, embora isto não queira dizer que ele esteja definitivamente envolvido.
Com o desgaste do Filippelli, quem manda no PMDB-DF hoje? O PMDB não tem dono. O partido tem uma série de pessoas que cuidam dele com zelo. Por exemplo, eu sou o secretário-geral e tento mostrar o tempo todo que o PMDB tem que ser um partido de pessoas. Não pode ser um partido de um dono, uma propriedade particular. Um partido, quando de propriedade particular, perde a sua essência, perde a sua direção, e isso o torna pequeno, mesmo que seja grande. O que temos tentado demonstrar é que o PMDB tem que ser muito maior do que uma pessoa.
Teremos a CPI da JBS? Estamos tentando. Não é fácil porque o Buriti tem a maioria. Mas o governador tem que lembrar que ele pregou tanta transparência que deveria ser o primeiro a querer investigar tudo que acontecesse ao redor dele. Se tivesse dignidade, ele seria o primeiro a apoiar a CPI.} else {