O agronegócio brasiliense não teve bom desempenho em 2022. A produção agrícola no DF destoou do crescimento nacional: apresentou queda de 0,3% na safra de cereais, leguminosas e oleaginosas, comparativamente a dezembro de 2021. No Brasil, o setor cresceu 3,7%. No DF, a produção caiu de 708.090 para 706.140 toneladas.
Ex-secretário de Agricultura do DF, o professor da UnB João Luiz Homem de Carvalho recomenda que o agronegócio candango mude o foco produtor. Segundo ele, investir em commodities (trigo, milho, soja) num espaço territorial pequeno e carente de água, como é o do DF, não é o certo, tanto em termos econômicos, quanto ambientais.
“Em todo o mundo, a orientação é no sentido da produção e do consumo local. Trata-se da ‘relocalização da produção e do consumo’, palavra de ordem, na atualidade. O DF deveria focar na produção dos alimentos aqui consumidos: feijão, arroz, frutas, hortigranjeiros. Nós ainda não somos autossuficientes nesses alimentos e o custo de frete os encarece muito”, avalia.
Produtos em queda
No quadradinho, o fraco desempenho foi puxado pela produção de sorgo e café arábica: quedas de 31,6% e 15,8%, respectivamente; bem como da batata inglesa (-6,7%), soja (-2,8%) e do milho (-1,4%). A produção de sorgo, muito utilizado na alimentação de aves e rebanhos, passou de 35.100 para 24 mil toneladas, e a de café arábica de 936 para 788 toneladas.
O crescimento da primeira safra de feijão foi fomentado por uma ampliação da área de plantio em igual proporção (50%), de 6 mil para 9 mil hectares. Já o plantio de milho (1ª safra) e sorgo apresentou as maiores reduções em área plantada, caindo de 135 mil para 117 mil hectares (-13,3%) e 35.100 para 24 mil ha (-11,1%), respectivamente. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE.
Altas – Apesar da queda, alguns produtos apresentaram crescimento, como o feijão de 1ª safra (+ 50%, de 16.200 para 24.300 toneladas); e o trigo (+ 49,1%, de 10.500 para 15.660 toneladas). O girassol cresceu 20%, em termos proporcionais, mas a produção local é pequena: apenas 1.200 toneladas.