Sinpro-DF
A reação do Governo do Distrito Federal aos casos de violência ocorridos nas escolas nos últimos meses foi o lançamento de edital de licitação para contratar empresa de vigilância armada. Entretanto, o grave problema que assombra a população do DF tem como um dos principais fatores o déficit de professores e orientadores educacionais.
Segundo dados da própria Secretaria de Educação, faltam ao menos 5 mil professores efetivos nas escolas públicas do DF. Com isso, depois de dois anos de ensino remoto, muitos estudantes se depararam com a falta de professores na volta às aulas presenciais.
No Centro de Ensino Fundamental 214 Sul, na Asa Sul, que atende estudantes do 6º ao 9º ano (de 10 a 15 anos), há carência de professores de Matemática, Português e Inglês. O déficit é de 11 docentes. E o reflexo desse problema recai sobre, em média, 200 estudantes.
A 44 quilômetros dali, na Escola Classe Vila Buritis, no Setor Águas Quentes do Recanto das Emas, 12 professores efetivos dão conta de 34 turmas, sendo duas delas especiais.
“Esses são apenas alguns exemplos da realidade vivida pela comunidade escolar. Estamos diante de um cenário com 26 mil novos alunos, vindos de dois anos de ensino remoto. São salas de aula com até 47 estudantes e um número de professores deficitário. Com isso, mesmo diante do esforço sobre-humano dos professores e das professoras, a equação sala superlotada/falta de professores gera uma exclusão de alunos do processo pedagógico. Principalmente em escolas com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, que, em muitos casos, também são vítimas de carência e violência familiar. Esses estudantes têm necessidade de se inserir na vida escolar, mesmo que seja pelo uso da violência”, explica a diretora do Sinpro-DF Luciana Custódio.
O cenário imposto às salas de aula se amplia para todo espaço escolar, diante da carência, também, de orientadores educacionais. Pela modulação atual, um pedagogo-orientador educacional é responsável por atender 680 estudantes.
“Não ter orientadores e orientadoras educacionais nas escolas, ou mesmo ter um número muito pequeno desses profissionais, é negar acolhimento a estudantes, professoras e professores, pais, mães e responsáveis, impondo às escolas conflitos de convivência que refletem diretamente no desempenho de estudantes e no desestímulo de professores e professoras”, afirma a diretora do Sinpro-DF Meg Guimarães.
Concursos
De acordo com a SEEDF, o concurso para a carreira Magistério e Assistência à Educação da rede pública do DF deve sair em abril deste ano. A autorização para o certame foi publicada no Diário Oficial do dia 7 de fevereiro.
Entretanto, o número de vagas anunciado está longe de corresponder à necessidade da rede. Para professor de Educação Básica 40 horas, o GDF disponibiliza apenas 776 vagas imediatas, mais 3.104 para cadastro de reserva. No caso de orientadores educacionais, são só 20 vagas imediatas e 80 para cadastro de reserva.