Chuva e trânsito formam a combinação perfeita para atrasar o dia de qualquer trabalhador brasileiro. Na terça-feira (10), o transtorno foi causado por uma colisão sem gravidade, em frente à Catedral Metropolitana, envolvendo dois ônibus e dois carros. O acidente causou a interdição de quatro faixas na área central do Plano Piloto. A perícia demorou mais de duas horas para chegar ao local. Das 7h30 às 10h20, apenas duas faixas estavam liberadas para os motoristas. O congestionamento chegou até a altura do Centro de Convenções. Com isso, houve também lentidão no Eixão Sul.
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Não é por acaso que os peritos estão com dificuldade para atender as ocorrências. A demora é fruto de uma defasagem de pessoal na Polícia Civil do DF como um todo. A corporação está envelhecida e diminuindo de contingente devido às aposentadorias. De acordo com o levantamento inicial do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol-DF), apenas neste ano 500 policiais irão se aposentar.
“Na estimativa geral não foram considerados os policiais que ainda não averbaram o tempo de serviço de outras atividades profissionais exercidas antes do ingresso na Polícia, o que deve aumentar o número de aposentados em 2015”, afirma o vice-presidente do Sinpol, Renato Rincon.
Com esse quadro, o trabalho realizado pelos policiais civis está prejudicado. “As delegacias geram 15 mil ocorrências por ano. Com o efetivo atual, é impossível investigar. A população sofre, pois o atendimento não é o ideal. Os serviços essenciais precisam ser mantidos, pois as investigações estão em segundo plano. A Polícia Civil não pode ficar restrita apenas ao atendimento em balcão”, acrescenta o sindicalista.
A situação pode ser reparada com a nomeação de 474 aprovados em um concurso para agentes e escrivães já treinados pela Academia de Polícia. Bruno Pierami é um desses policiais prontos para trabalhar, mas ainda dependendo de burocracias para assumir suas funções.
“O governo está sempre colocando a culpa na crise econômica herdada de seu antecessor, mas sabemos que isso não importa para nós (formados pela Academia de Polícia), uma vez que quem arca com os gastos da segurança pública do GDF é a União, por meio do Fundo Constitucional”, defende Pierami.
Apenas nos últimos quatro anos, houve uma redução de 15% no número de agentes de polícia e 19% de escrivães. A Direção da PCDF confirma que a nomeação dos agentes e escrivães é uma prioridade. O diretor-geral, Eric Seba, afirma que está trabalhando em todas as instâncias para conseguir aumentar o efetivo e melhorar o serviço oferecido à população. O deputado distrital Ronaldo Veras (PDT) se comprometeu a levar a questão aos poderes Executivo e Legislativo, para que essas nomeações ocorram o mais rápido possível.
Ainda este mês, o GDF publicou uma nova norma que possibilita a convocação dos excedentes do último concurso para a Polícia Civil. São 217 candidatos que ainda não passaram pelo curso de formação. No entanto, ainda há mais de duas mil vagas em aberto apenas para o cargo de agente de polícia, o que indica a necessidade de mais concursos.
Inscrições abertas – Na segunda-feira (9), a Polícia Civil abriu inscrições para o concurso para mais 417 vagas na corporação, sendo 170 para preenchimento imediato e 247 para cadastro de reserva. As vagas são para quem possui ensino superior, com salários de R$ 8.284,55 para papiloscopista policial e R$ 15.370,64 para delegado e perito médico-legista. O cargo de delegado exige formação superior em Direito, enquanto o de perito médico-legista requer registro no Conselho Regional de Medicina. O posto de papiloscopista aceita diploma de curso superior em qualquer área.
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As inscrições podem ser feitas até 16 de março, no site da Fundação Universa. A taxa é de R$ 168 para papiloscopista e R$ 192 para os outros cargos. A aplicação das provas objetivas está prevista para maio.