Há mais de 100 dias, a incerteza do porvir passou a ser, mais do que nunca, uma companheira indesejada de cada ser humano consciente dos perigos da pandemia do novo coronavírus. Esta atmosfera de dúvida é ainda mais densa sobre as atividades econômicas.
O Brasil é o segundo país mais atingido, com 1,8 milhão de contaminados e 70 mil óbitos registrados até a sexta-feira (10). Para evitar a propagação do vírus, a principal recomendação das autoridades da Saúde é o isolamento social.
Sem sair de casa, o consumo de bens e serviços sofreu queda jamais vista. Desde março, decretos do governador Ibaneis Rocha vedam o funcionamento de segmentos não essenciais. Bares, restaurantes, escolas e shoppings estão entre os mais prejudicados.
Entretanto, a situação não sensibiliza os donos dos shoppings de Brasília. Mesmo com as lojas fechadas e, portanto, sem faturamento, a maioria deles se recusa a reduzir aluguéis e taxas de condomínio. Isto aprofunda a crise num setor que já demitiu 65 mil trabalhadores desde o início da crise, e sofre com a redução de 85% nas vendas.
Com as praças de alimentação sem funcionar, o trânsito de consumidores nos shoppings caiu mais de 90%. Os mais prejudicados são os donos de pequenas lojas. A Codeplan aponta um contingente de 333 mil desempregados no DF. Quantos serão ao final da pandemia?
É chegada a hora de os donos de shoppings compreenderem o que se passa com seus parceiros lojistas – mais de 250 deles já fecharam as portas definitivamente – para que eles possam reabrir quando a pandemia passar.
Aí, sim, será a hora de pagar contas atrasadas, renovar estoques e voltar a contratar colaboradores. E, com certeza, ninguém discutirá o dever de pagar aluguéis e taxas de condomínio. Os donos de shoppings não podem continuar na contramão da realidade.
(*) Presidente do Sindivarejista-DF