“Provocações desmedidas de Marçal e reação destemperada de Datena podem ser um novo marco nas regras dos debates eleitorais”, escrevi há uma semana neste espaço, logo após a fatídica cadeirada, durante debate na TV Cultura.
Sobre a tentativa de vitimização do ex-coach, defini como “estratégia arriscada” e que pareceu “não colar”. Modéstia à parte, em ambos os casos, acertei. Quanto à deplorável imagem de Pablo Marçal na ambulância minutos após ser agredido por Datena, ele mesmo desmascarou:
“Não precisava daquela ambulância. Eles queriam fazer uma cena. Dava para ir correndo para o hospital, tranquilo”, disse a própria vítima.
Nove dias depois da agressão de Datena, os candidatos à Prefeitura de São Paulo voltaram a se encontrar. Desta vez, no debate promovido pelo Flow Podcast. Agora com novas regras: não eram permitidos apelidos pejorativos, toques corporais/pessoais.
Por fim, o apresentador pôde advertir candidatos, e aquele que acumulasse três advertências seria retirado do debate. Para a surpresa de ninguém, Marçal foi expulso faltando 30 segundos para o final.
E antes do encerramento do debate, outra cena ainda mais deplorável do que a cadeirada e a máscara de oxigênio: um assessor de Marçal dá um soco no marqueteiro de Ricardo Nunes.
Mas não houve quem pensasse que as equipes dos candidatos pudessem sair no tapa? Não. E nem deveria haver. Afinal, espera-se que os assessores estejam ali para desempenhar suas funções tecnicamente.
Bater palma, comemorar e gritar durante debates também não deveria estar no rol de atribuições de profissionais de comunicação. Pensando nisso, não me surpreenderia que um assessor de Pablo Marçal tenha sido escalado naquela noite justamente para causar tumulto no debate.
A vitimização não surtiu efeito, os cortes não surpreendem mais e as regras minaram suas provocações rasteiras. Marçal precisava, de alguma forma, voltar a atrair os holofotes para si. Então, por que não orientar um assessor a bagunçar o coreto?
Veja abaixo o gráfico, obtido pelo Google Trends. Os dias de pico nas buscas por Pablo Marçal no Google são sempre em dias de debates.
O primeiro aumento repentino foi em 9 de agosto, data do debate na Band. Depois, 15 de setembro, o dia da cadeirada. E agora, 23 de setembro, quando seu assessor agrediu o marqueteiro de Nunes.
Marçal continua seguindo a máxima: fale bem ou falem mal, mas falem de mim. Arrisco (novamente) dizer que os dois episódios de agressão foram prejudiciais à candidatura do PRTB.