José Silva Jr.
A Secretaria do Trabalho do GDF oferecerá, nos próximos meses, um tipo de serviço só encontrado fora do Distrito Federal: uma oficina capaz de fazer adaptações em cadeiras de rodas e de banho para deixá-las confortáveis aos portadores de necessidades especiais.
Além disso, haverá a confecção de órteses e próteses numa máquina que fabrica a peça em 3D, com material polipropileno de até um metro quadrado. Detalhe: as fábricas ficarão no mesmo lugar e contarão com mão-de-obra barata.
Está no forno e deve sair a qualquer momento o Projeto Lab Inclui. Uma espécie de Centro de Formação Social que visa capacitar pessoas de baixa renda interessadas em apreender a profissão e montar sua própria fábrica especializada nas duas modalidades: adaptação de cadeira de rodas e confecção de órteses e próteses.
A iniciativa é da Secretaria de Trabalho, cujo titular é o secretário Thales Mendes Ferreira, que recebeu a reportagem do Brasília Capital na quarta-feira (10) e antecipou mais essa novidade.
Derrubando barreiras
De posse de estudos sobre esse tipo de cliente, ele revelou que a cadeira de rodas inadequada é uma das principais barreiras para o ingresso do portador de necessidades especiais no mercado de trabalho.
“A gente percebeu que não há oficina em Brasília para adaptação de cadeiras de rodas. Então, se a pessoa tem uma deficiência e não consigue usar aquela cadeira padrão, seja no encosto da cabeça que está muito longe, ou no pé, que está perto, tem de procurar empresas fora da cidade. Então, vamos acabar com mais essa dificuldade”, disse Thales.
Segundo ele, nesse primeiro ciclo, serão oferecidas 50 vagas para um curso que capacitará profissionais para serem multiplicadores da profissão. A partir daí, eles vão realizar suas próprias oficinas e com outros interessados em apreender a profissão de adaptar cadeiras de rodas.
Fábrica Social
Os dois centros de formação devem funcionar na Fábrica Social, que fica atrás da Cidade do Automóvel. Quem vai gerir as oficinas será a organização Cáritas Arquidiocesana de Brasília.
Além da oficina de adaptação de cadeira de rodas, no mesmo espaço haverá uma fábrica/oficina de órteses e próteses para pessoas nos mesmos moldes. Para isso, o GDF adquiriu uma impressora que imprime em 3D no valor de R$ 300 mil.
Serão feitos vários tipos de órteses e próteses: braço, mão, perna. “É um laboratório de inclusão. Sabe aquela mão mecânica? É aquilo ali”, explica o secretário, que na mesma entrevista exclusiva ao Brasília Capital fez um balanço das ações da Secretaria de Trabalho que estão em andamento.
Protagonismo da Setrab
A Setrab assumiu um papel de protagonismo no atual governo. “Ibaneis tem coragem em assumir compromissos. Governo, se não atrapalhar, já está ajudando. Desburocratizar é o sucesso desta gestão”, pontuou. A seguir, os principais trechos:
Programa Prospera
A Setrab já cadastrou 1.145 ciclistas e pretende chegar a dois mil, a fim de oferecer apoio a esses profissionais que trabalham via aplicativo. O segmento surgiu com o advento da pandemia, com o crescimento das entregas de comida. A Setrab tem distribuído um kit com capacete, colete refletivo, lanterna, pisca-pisca e carregador portátil.
Além disso, a Secretaria promove palestras para ensinar a eles as leis de trânsito. O projeto também prevê a oferta de curso de qualificação profissional para novas perspectiva, linha de crédito de mil reais, parcelados em 36 vezes, junto ao Banco de Brasília (BRB), com taxa de 3% ao ano e com três meses de carências. Ou seja, entrada somente após 90 dias da contratação do empréstimo.
Corte e costura
Saiu edital de chamamento com 400 vagas para cursos de corte e costura na modalidade presencial. Os interessados devem se inscrever no site www.trabalho.df.gov.br ou em qualquer Agência do Trabalhador, que ficam abertas de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
A Fábrica Social é um legado que a Copa do Mudou, onde eram produzidos apetrechos da Seleção Brasileira, como camisas, shorts e bonés. Agora, ela terá outra finalidade: confeccionar lençóis, cestos de roupa que serão entregues para hospitais e unidades de saúde do DF.
Os alunos ganham bolsa de estudo e a intenção é capacitá-los para que possam montar o próprio negócio. Para isso, também contará com uma linha de microcrédito.
Além disso, na oficina ele aprende sobre empreendedorismo: noções de como abrir uma empresa na modalidade de Micro Empreendedor Individual (MEI). O curso pode durar até um ano e meio. O aluno tem de ter no mínimo 18 anos. Mas haverá uma turma especial composta por jovens de Casa-Abrigo, com idade a partir de 16 anos.
Renova DF
Este é um tipo de programa em que os alunos trocam a parte teórica pela prática. Considerado o programa-chefe da Setrab, o Renova DF oferece curso de qualificação profissional visando formar profissionais da construção civil. Com foco em auxiliar de manutenção, os alunos aprendem as lições em canteiros de obras.
Cada turma tem 25 alunos. O ciclo de aulas é de 90 dias. O estudante aprende serviços de pedreiro, jardineiro, encanador. “Já certificamos mil alunos no primeiro ciclo. O segundo ciclo está em formação e lançamos recentemente o terceiro ciclo”, enumera Thales.
Cada aluno ganha uma bolsa mensal no valor de um salário mínimo. Para ter direito, ele deverá comprovar que atingiu 80% de aproveitamento. Além disso, recebe um cartão para pagar passagens em transporte público.