Na contramão da tentativa de combate às fake news, um problema que ameaça diretamente a democracia, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, e seu fiel escudeiro, o secretário de Saúde Humberto Fonseca, lançaram, no meio desta semana, mais um boato de forma oficial: em entrevista coletiva, eles anunciaram que a mudança no modelo da atenção primária dobrou a cobertura populacional em um ano. Que bom seria se fosse verdade!
Basta uma rápida visita ao site do Ministério da Saúde, porém, para verificar que a “boa nova” do GDF não passa de uma fake news. Quando comparados com os dados da pasta, os índices levados para a imprensa local por Rollemberg e por Fonseca tornam-se, no mínimo, duvidosos. No que diz respeito à Estratégia Saúde da Família, os números do ministério mostram uma cobertura populacional, em janeiro deste ano, de apenas 36,55% e não de 69,1% como afirma o GDF.
Em números literalmente populacionais, em vez de uma assistência a mais de 2 milhões de habitantes do DF, como propagam Rollemberg e Fonseca, os dados do Ministério da Saúde revelam que o novo modelo chega a, no máximo, 1,1 milhões de pessoas. Ou seja, como já afirmei antes, trata-se da famosa “mudança X mais do mesmo” adotada pelo atual governo do Distrito Federal desde 2015. Nesse quadro, uma das regiões que, segundo a fake news da dupla Rollemberg e Fonseca, ultrapassa 100% de cobertura se destaca: o Riacho Fundo II. Lá, segundo as contas duvidosas dos atuais gestores do Buriti, as alterações no modelo de assistência da atenção básica expandiram em 128,1% a cobertura. Aqui, vale até uma pausa para a célebre frase de William Shakespeare: “há algo de podre no reino da Dinamarca”.
Segundo servidores da Saúde do Riacho Fundo II, muito provavelmente ela não chega nem a 30%. Isso porque, para calcular a área de abrangência, o GDF teria utilizado como parâmetro dados populacionais de 2013. O problema é que, de acordo com a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), apenas de 2013 a 2015 o número de habitantes na região aumentou 14,53%, saltando de 39,4 mil para 51,7 mil pessoas.
Resumindo: o tal salto na cobertura da Estratégia Saúde da Família é mais uma fake news deste governo. E não dá para nos iludirmos: outras virão por aí. Por isso, é imprescindível que estejamos alertas, como venho falando desde o início desta suposta “conversão” de modelo na atenção básica. Rollemberg tentará a reeleição a todo custo e as coletivas de imprensa também são palco da sua pré-campanha. E a próxima fake news que deve vir à tona, podem acreditar, é o Instituto Hospital de Base, outra empreitada meramente eleitoreira.