O Real Brasília acertou a contratação do técnico Renato Trindade, de 71 anos. Ele tem no currículo passagens por Flamengo (sub-23), Ceará, Fortaleza e Botafogo, onde foi eleito treinador revelação em 1994. A chegada de Trindade foi confirmada ao Brasília Capital por uma fonte do clube candango.
“Nós trabalhamos muito os pilares de inovação e informação no futebol. O Renato tem esse perfil. É um visionário e tem afinidade com o que a gente desenvolve, que é a preparação de atletas para o mercado. Acreditamos que será um casamento próspero”, afirma.
Em contato por telefone com a reportagem, Renato Trindade diz estar “ansioso” para o novo trabalho. “É um sonho para mim. Descobri muitos talentos por onde passei, inclusive nos Emirados Árabes. Nosso objetivo é realizar um projeto mais moderno com os jovens e as mulheres”. E completa. “Brasília é uma cidade grande, merece um futebol à altura”.
A prioridade, segundo Trindade, é montar um elenco competitivo já a partir da semana que vem, quando desembarca no Planalto Central. “Vou colocar meus métodos em prática e passar minha experiência para que possamos trazer torcedores, patrocinadores e a cidade como um todo para perto”.
O SONHO É REAL — Ao mencionar o slogan “o sonho é real”, um membro da diretoria revela que a mudança de comando é o primeiro passo em direção a planos audaciosos nos próximos anos, que vão além do Distrito Federal. “O nosso sonho é sermos reconhecidos nacional e até internacionalmente. Nossa principal missão é formar atletas e, acima de tudo, pessoas de bem”.

Na atual temporada, a equipe feminina está na disputa do Brasileirão A1, da Copa do Brasil e do Candangão. Já o sub-17 e o sub-20 jogam a elite dos campeonatos candango, goiano e Copa Goiás nas respectivas categorias — e a Copa do Brasil no caso dos mais velhos. Para o elenco profissional masculino, o calendário reserva o Campeonato Goiano da 3ª Divisão, previsto para começar em agosto.
FUTEBOL CANDANGO — Perguntada sobre o que falta para que o futebol candango tenha mais destaque no cenário nacional, a fonte, que prefere não se identificar, considera que a raiz do problema ultrapassa as quatro linhas. “Temos avançado. Mas vejo que a cidade não tem muitos torcedores locais. Brasília é o umbigo do país e muita gente já vem para cá torcendo para times de fora”, analisa, ao citar a classificação do Capital para a terceira fase da Copa do Brasil como “um começo para as pessoas olharem o futebol no DF”.
Mas o sucesso esportivo de um clube, sinaliza, não depende apenas de dinheiro, jogadores estrelados e torcida apaixonada. Por isso, garante que a metodologia do Real Brasília prega o respeito mútuo e o acolhimento, o que inibe casos como o do atacante Luighi, de 18 anos, alvo de ofensas racistas durante o jogo entre Palmeiras e Cerro Porteño, no Paraguai.
“Racismo é uma situação muito triste. A gente gosta de ver nossos jovens bem, treinando, jogando. Pensamos que fazer divisões é um racismo por si só. Priorizamos olhar para a pessoa. Mas estamos sempre prontos para acolher, quando for necessário”.
“SEGREDO DE ESTADO” – Em junho de 2021, o Flamengo anunciou uma parceria com o Real Brasília de olho na captação de promessas na região Centro-Oeste. Questionada se o acordo ainda se mantém, o cartola despista. “Isso é segredo de Estado. O que posso dizer é que estamos trabalhando em um projeto de futebol para crianças do DF, com ênfase em formação de atletas. Em duas semanas, teremos novidades”, finaliza.