Subutilização das faixas para ônibus na EPTG é um ataque ao bom senso
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Gustavo Goes
A interdição de uma das faixas da Estrada Parque Taguatinga-Guará (EPTB) para obras da Caesb, levou o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) a liberar a pista exclusiva de ônibus para outros veículos no sentido Plano Piloto. Mesmo com os dias contados, pois neste sábado (1) o fluxo volta ao normal, a medida reacendeu o debate sobre a utilidade desta reserva de espaço para os transportes públicos. Além dos ônibus, taxis e vans escolares podem trafegar nessas faixas.
A ideia das faixas exclusivas é incentivar o uso do transporte público em detrimento do individual, uma estratégia de sucesso em várias partes do mundo. No entanto, o péssimo sistema de transporte público de Brasília tornou a solução inócua.
No caso da EPTG, a situação é ainda mais esdrúxula, uma vez que não foram adquiridos os veículos com portas que abrem para o lado esquerdo, onde foram construídas as paradas. E os poucos coletivos que andam por ali não podem embarcar ou desembarcar passageiros ao longo de mais de 15 quilômetros.
Segundo o próprio DFTrans, não houve impacto significativo no atendimento aos usuários do transporte. Apenas 11 linhas traçam esse itinerário. Com isso, o atendimento à demanda é irrisório e a contribuição para a retirada de carros entre Taguatinga e o Plano Piloto é mínima.
O deputado Júlio César (PRB) apresentou à Câmara Legislativa projeto para otimizar o uso das faixas exclusivas. O texto prevê um rodízio de carros nos corredores de ônibus, no qual, dependendo da numeração das placas, os veículos podem circular pelas faixas exclusivas em determinados dias da semana. Ele admite que se inspirou no rodízio que acontece em São Paulo, onde a circulação de carros é restrita para melhorar as condições ambientais e diminuir o congestionamento.
Além da EPTG, as faixas exclusivas também foram implementadas na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), na W3 Sul e Norte e no Setor Policial Sul. Entretanto, diferentemente da EPTG, nesses outros trechos as faixas atendem à necessidade dos ônibus, pois estão localizadas no lado direito da pista, assim como as paradas.
No momento,não existem projetos de adequação dos ônibus às paradas que ficam do lado esquerdo da EPTG. Procurada pela reportagem do Brasília Capital, a assessoria de comunicação do DFTrans afirmou que a implantação depende de outras obras, ainda em fase de licitação, como as obras viárias na EPIG e no centro de Taguatinga.
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Ciclovias
Outro tema debatido é a questão dos ciclistas, que reivindicam ciclovias em rodovias do DF, amparados pela lei distrital 3.639 de 2005, que prevê a obrigatoriedade desses projetos em rodovias. Nos últimos 10 anos, foram 73 acidentes na via.
A demonstração do descaso está no projeto para a implantação de um viaduto, que vai ligar a EPTG ao Parque da Cidade. Nele, as ciclovias sequer foram lembradas e, para piorar, diminui a chance de uma futura ciclovia na rodovia que liga o Plano Piloto a outras regiões administrativas sair do papel.
Se a questão da faixa exclusiva sugere um debate aberto com uma diversidade de opiniões, as ciclovias são unanimidades entre os brasilienses. É a solução para desafogar as estreitas avenidas da capital federal. “É uma visão obsoleta da cidade. A engenharia tem que trazer o conhecimento de ponta e não esse atraso. Precisamos de projetos que pensem no futuro, pois, do jeito que está, caminhamos para uma cidade parada por congestionamentos”, disse Renata Florentino, coordenadora institucional do Rodas da Paz.
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