“Muito mais que oba-oba, gastronomia é, e merece ser, reconhecida como bem cultural”. É no que acredita o chef Fernando Barroso. Isto que tem acontecido em vários lugares do mundo, com reconhecimentos até da Unesco e por meio da proteção e valorização das tradições culinárias e incentivo aos pequenos produtores.
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No Brasil, o projeto de lei 6.562/2013 está parado no Congresso Nacional desde 2013. Atualmente, está em análise na Câmara e consiste na incorporação da gastronomia à Lei Rouanet, proporcionando incentivos fiscais a quem apoiar projetos relacionados à gastronomia brasileira. Alguns parlamentares manifestaram apoio à campanha em suas redes sociais, mas oficialmente nenhum apoiou a ideia.
Com o Projeto, será possível que empresas e pessoas físicas doem ou patrocinem, com dedução no Imposto de Renda, pesquisas, acervos e publicações relacionadas ao tema. O dinheiro será usado como fomento de pesquisas relacionados à descoberta, valorização e propagação de receitas e ingredientes brasileiros.
Com a campanha “Gastronomia é Cultura/Eu Como Cultura”, o instituto ATÁ (do chef Alex Atala) quer reunir 1 milhão de assinaturas para pressionar a votação do projeto. “Já atingimos, aproximadamente, 2,5 milhões de curtidas, compartilhamentos e demais manifestação em apoio à campanha nas redes sociais. No Instagram foram postadas mais de 5.600 fotos com a #eucomocultura”, afirma Letícia Ginak, do Instito ATÁ, sobre o engajamento da campanha nas redes sociais. As assinaturas ainda não foram contabilizadas, a primeira contagem será feita em fevereiro de 2015. Instituições relacionadas ao tema também já manifestaram apoio a campanha.
Países como Espanha, França, Itália, Portugal, México, Peru e Japão já adotaram a ideia. Carmem Alcântara é brasileira, mora no México e afirma que é um passo importantíssimo para a evolução gastronômica nacional. “Aqui no México a culinária foi considerada, pela Unesco, Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade desde 2010”, conta.
Em Brasília, o principal personagem da campanha é o Chef Dudu Camargo. “Se o projeto for aprovado, teremos benefícios tanto para quem produz quanto para quem consome”, defendeu por meio de sua página em uma rede social. Dudu propõe ainda um desafio aos apreciadores da culinária. Basta tirar uma foto de um prato genuinamente brasileiro, postar e desafiar dois amigos a fazer o mesmo. “Ajude a espalhar que gastronomia é cultura sim”, diz.
O Instituto ATA pretende entregar a petição ao Congresso no início de 2015. Para isso, iniciou uma mobilização nas redes sociais – tendo como mote a hashtag #eucomocultura. Mas não bastam apenas assinaturas virtuais, via email, para ajudar na campanha. É necessário acessar o site www.eucomocultura.com.br, imprimir e assinar o documento. Ou então ir a algum dos restaurantes participantes e ainda se deliciar com os pratos.