A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, sigla em inglês) confirmou nesta segunda-feira que investiga o Facebook após o vazamento de dados de aproximadamente 50 milhões de usuários à empresa de consultoria política Cambridge Analytica.
\”A FTC leva muito a sério os recentes relatos da imprensa que geraram uma preocupação substancial sobre as políticas de privacidade do Facebook. Hoje, a FTC confirma que abriu uma investigação não pública sobre estas práticas\”, indica um comunicado da comissão.
O signatário, o diretor interino da Comissão, Tom Pahl, destacou que a agência se compromete a usar \”todas as suas ferramentas\” para proteger a privacidade dos consumidores e que a primeira delas é a \”ação coercitiva\” contra companhias que não cumprem as suas promessas nesse âmbito ou que infringem as leis.
Pahl explicou que a FTC atua contra empresas que não cumprem o acordo \”Escudo de Privacidade\” (\”Privacy Shield\”), que regula as transferências de dados entre a União Europeia e os EUA, e contra as que empreendem \”atos injustos\” que prejudicam os consumidores ao violarem a Ata da agência.
Rob Sherman, responsável de privacidade do Facebook, disse ao canal \”CNBC\” que a empresa está \”firmemente comprometida a proteger a informação das pessoas\” e que aprecia a \”oportunidade de responder às perguntas\” que as autoridades americanas possam ter.
Há uma semana, após a revelação do vazamento, versões da imprensa apontaram que a FTC estava investigando se o Facebook violou os termos do contrato de consentimento, estabelecido em 2011, ao fornecer dados dos usuários à Cambridge Analytica em 2014.
A companhia britânica, que colaborou com a campanha de Donald Trump para as eleições presidenciais de 2016, usou tal informação para desenvolver um software destinado a prever as decisões dos eleitores e influenciar sobre elas.
Em 2011, o Facebook se comprometeu a solicitar o consentimento dos seus usuários antes de fazer determinadas mudanças nas preferências de privacidade, como parte de um acordo com o Estado, que acusava a empresa de abusar dos consumidores ao compartilhar informações com outras empresas.
Quebrar esse acordo poderia render à rede social uma multa de US$ 40 mil por violação, segundo \”CNBC\”.
O diretor-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, admitiu na quarta-feira passada que foi um \”abuso de confiança\” permitir que um aplicativo, desenvolvido pelo professor da Universidade de Cambridge Aleksandr Kogan, solicitasse dados para a Cambridge Analytica, e lamentou não ter feito \”mais a respeito\”.
Após o anúncio da FTC nesta segunda-feira, as ações do Facebook caíam cerca de 4% em Wall Street. Na semana passada, a empresa perdeu US$ 50 bilhões na cotação.