Na década de 1980 e início da de 90, a turma que trabalhava no Correio Braziliense e no Jornal de Brasília se reunia numa birosca que funcionava atrás do Sindicato dos Jornalistas. Era o indefectível Boldo’s Bar, comandado por Dona Ana e seu companheiro do momento, entre eles o impressor que atendia pelo apelido de Passarinho.
No terreiro de chão batido em torno do barraco corriam os filhos pequenos de Dona Ana, Cristiane e Cristiano, que eventualmente faziam as vezes de garçons, trazendo uma cerveja gelada ou um copo limpo para o freguês. Tiragosto, só amendoim salgado ou uma dose de pinga com casca de laranja ou rabo-de-tatu.
À sombra da latada de maracujá com chuchu que protegia a mesa de madeira e os dois compridos bancos todos contavam histórias, tratavam das negociações salariais e, principalmente, comentavam as edições dos dois diários. Futebol e política eram pautas obrigatórias.
Ali também chorava-se as dificuldades e gemiam-se as dores de cada um. E sempre que um companheiro cometia a deselegância de partir desta para a melhor, o bebíamos para recordar os bons momentos vividos juntos em sua passagem por aqui. Era quase um ritual. Dali, muitos partiam para encerrar a homenagem póstuma no Beirute, o “Velho Beira”.
Na terça-feira (3), sem mais o Boldo’s e com a maioria dos companheiros daquela época já habitando o outro lado, recebi a notícia da partida de André Duda, jornalista porreta e companheiro fiel. À noite, sentei-me no Bar do Roberto, em Taguatinga, e tomei umas três por ele. Aflorou-me, além da saudade, um profundo sentimento de gratidão por tudo que um dia ele fez por mim.
Mas cheguei em casa na certeza de que Duda merecerá um bom lugar para seguir sua missão de fazer o bem aos outros.
Vai com Deus, amigo!