História em quadrinhos de estudantes do Centro Educacional 7 de Taguatinga – Foto: Divulgação
Vanessa Galassi (*)
Estudantes do Centro Educacional 7 de Taguatinga trouxeram para história em quadrinhos (HQ) – realidades da adolescência sobre o tema saúde. O trabalho, desenvolvido com a orientação de quatro professoras, ganhou o primeiro lugar da 11ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma), na categoria Ensino Médio, concurso nacional promovido pela Fundação Oswaldo Cruz.
“Enquanto escola pública, precisamos abordar essas e outras temáticas e fomentar que os alunos, cada vez mais, ocupem esses espaços”, disse a professora de Língua Portuguesa Glaucia Santos. Ela e as professoras Elaine Andrade e Rônia Santana, da mesma área, além da professora de Biologia Grazielle Batista, orientaram sete alunas do CED 7 na elaboração do HQ “Em sintonia com meu corpo”, que aborda a gravidez na adolescência e as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), tema inserido no Currículo em Movimento do Distrito Federal.
Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), divulgado em julho deste ano, no Brasil, a taxa de gestantes com menos de 17 anos é de 57%, um pouco menos que em países da África Subsaariana.
“Essas meninas são brilhantes”, elogia a professora Gláucia. Ela conta que a orientação das professoras foi restrita à inscrição, seleção do grupo e aulas sobre saúde, técnicas de trabalho em quadrinhos e revisão de texto. “A orientação do professor também é deixar florescer os talentos. E elas têm talentos incríveis”, diz, orgulhosa.
Parceria e reconhecimento
Ana Karolyne, de 16 anos, uma das sete alunas vencedoras, afirma que o prêmio é também das professoras. “Elas nos ajudaram do início ao fim. Sempre estavam presentes para nos auxiliar nas nossas dúvidas. Esse prêmio é delas e de todas as professoras que estiveram presentes nesse desenvolvimento. Sem elas, não conseguiríamos desenvolver tão bem como conseguimos”, conta a estudante do 1º ano, que venceu o primeiro lugar ao lado de Bárbara Lau Damasceno de Souza, Bianca Guilherme Farto Fernandes, Gabriela Nunes Ramaldes Câmber, também do 1° ano; Anita de Lima Candeia e Giovana de Lima Candeia, do 2º ano; e Suzane Letícia Albuquerque de Araújo, do 3º ano.
Ana Karolyne relata que o trabalho foi feito em apenas duas semanas, durante o recesso escolar. Mesmo sendo um período de descanso, as professoras acompanharam a atividade diariamente. “A Grazi, professora de Biologia, tem uma caixinha que traz todos os tipos de preservativos (masculinos e femininos). Ela faz além do que ela deveria fazer. Todos os professores, independentemente do assunto, se importam muito e estão presentes nessa educação que vai além do que só passar uma matéria no quadro, na sala de aula. Eles vão mais fundo”, diz a estudante.
O diretor do CED 7, Genovaldo Ximenes, avalia que escola é local apropriado para tratar de temas abafados pelo conservadorismo, pelo fundamentalismo, pelo obscurantismo. “A escola não fala com nenhuma ideologia. A gente fala com conhecimento científico. A gente não fala com o conhecimento da religião; a gente não fala com o sentimento da família. A gente aborda o tema de forma científica. E isso impede que os estudantes aprendam a partir de fake news ou de maneira errada”, explica.