Três estudantes do Centro de Ensino Médio do Gama ganharam a medalha de prata na Competição Internacional de Ciência, Tecnologia e Engenharia (ISTEC), na Indonésia, por um projeto de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue.
Eles desenvolveram um sistema baseado em inteligência artificial que prevê o aparecimento de casos da doença em quatro regiões do DF.
O trabalho Análise dos Fatores Contribuintes na Proliferação de Mosquito Aedes aegypti com Uso de Inteligência Artificial foi desenvolvido pelas estudantes Bianca de Azevêdo Ribas, Cristiane de Andrade Coutinho e Iasmim Rodrigues Melo.
Elas analisaram dados da doença com objetivo de identificar quais seriam as relações entre as variáveis analisadas — temperatura e umidade, nível de saneamento básico e infraestrutura — para desenvolvimento da doença.
Com esses dados nas mãos, as jovens constataram qual a relação entre tais condições com o número de casos prováveis de dengue. Criaram, então, um sistema que processa os dados e aponta onde há mais probabilidade de a doença surgir.
Cristiane e Iasmim apresentaram o estudo em inglês durante videoconferência para os examinadores do ISTEC. Elas cursam a língua estrangeira em um dos Centros Interescolares de Língua (CIL) da rede pública e contam que a experiência de conhecer uma nova cultura e conversar com pessoas de outra nacionalidade foi incrível. “
Foi uma oportunidade de ver a ciência sendo feita por pessoas de várias culturas. Ficamos um pouco nervosas no início pela questão da apresentação em outro idioma, mas deu tudo super certo”, conta Iasmim.
A jovem relembra ainda da emoção da conquista da medalha de prata em uma premiação internacional. “Foi super legal essa medalha, apesar da gente não estar esperando. Foi como honrar nosso esforço durante todo esse período de trabalho. É um sentimento de gratidão ter conseguido algo que fizemos muito por merecer”.
Prevenção contra a dengue
A urgência do combate à dengue foi a principal motivação das pesquisadoras. A ideia final era construção de um sistema que pudesse prever futuros casos e dessa forma ajudar o Governo a fazer um combate mais efetivo e específico da dengue.
O estudo concluiu que as cidades com piores índices de infraestrutura são as de maiores números de casos prováveis.
No DF, em 2018 eram 4.075 casos de dengue, e em 2019, passou para 50.449, um aumento de mais 1000%. Esses dados da Secretaria de Saúde do DF foram utilizados como referência no projeto das estudantes do Cemi. O recorte utilizado na pesquisa foram as regiões administrativas: Gama, Planaltina, Paranoá e Brazlândia.
O estudo concluiu que as cidades com piores índices de infraestrutura são as de maiores números de casos prováveis. O sistema de inteligência artificial para a previsão de novos casos poderá receber informações constantemente para se manter atualizado.
A ideia é alimentar um sistema de processamento de dados e ensiná-lo a formular análises. Assim, o usuário pode realizar uploads e receber a previsão de casos de dengue nos dias ou meses subsequentes.
A partir dos dados desse sistema, as estudantes esperam que seja possível atuar mais na prevenção e redução de casos de dengue no DF.
Matheus Lima foi o professor orientador do estudo. Ele é ex-aluno do Cemi do Gama e atualmente é voluntário em vários projetos da escola.
“Já contribuo com os alunos há quatro anos, uma jornada extremamente construtiva, pois, quando eu era aluno, sempre tive a impressão de que a Iniciação Científica era uma oportunidade de estudar aquilo que gosta, e quando se faz algo com gosto, bons resultados são o que colhemos. Sou muito orgulhoso tanto deste grupo, quanto dos outros, e sei que o resultado delas servirá de inspiração para outros jovens, principalmente as meninas, para que possam se engajar nas Ciências ainda no Ensino Básico, e desconstruir o mito de que ciência só se faz nas grandes universidades”, frisa.
Reconhecimento
O trabalho também foi premiado na edição de 2020 da FeNaDANTE, que é uma feira de projetos de ciências e tecnologia que divulga pesquisas de pré-iniciação científica desenvolvidas por estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio, de escolas públicas e particulares de todo o Brasil. Elas haviam vencido também uma das feiras de ciências organizadas pelo próprio Cemi do Gama.
* Com informações da Secretaria de Educação