Como nada acontece por acaso (segundo o filósofo suburbano de plantão), apertei errado uma tecla de meu computador e de repente apareceram inúmeros Fernando Pinto, homônimos que volta e meia me causam problemas. O mais grave aconteceu em novembro de 1964, três meses depois de ser inaugurada a ditadura militar, quando fui preso ao ser confundido por um jornalista maranhense, o que valeu por um violento pescoção no pé do ouvido, aplicado por um tenente, cujos efeitos devem ter contribuído para agravar a minha surdez atual.
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Para que o leitor faça uma avaliação de minha periclitante rotina aqui em Brasília, no Centro Brasileiro da Visão, na qual em breve deverei ser submetido a uma cirurgia, há nada menos de três Fernando Pinto, o que ocasiona pequenos vexames na hora da inscrição das consultas, contratempo que não cabe a menor culpa ao funcionário atendente. E fico com o maior temor de que, em vez de ser submetido a uma simples intervenção cirúrgica de catarata, o médico oftalmogista me opere de outra ziquisira ocular, fazendo uma inconveniente salada de alhos com bugalhos.
Voltando ao referido susto proporcionado pelo Google televisivo, há Fernando (s) Pinto (s) das mais variadas profissões e para todos os gostos. Alguns da alta classe dos Verys Importants Persons – os VIPs, a exemplo de um rico empresário gaúcho que foi, por muitos anos, presidente da TAP lusitana e da Varig brasileira, mas que nunca me ofereceu a cortesia de uma passagem de ida e volta ao Rio de Janeiro, para assistir um jogo do meu Botafogo, no Maracanã. Pelo visto, dos tantos FPs, o quem mais mereceu publicações na imprensa foi um jovem pernambucano que despontou no carnaval do Rio de Janeiro, por volta de 1971.
Mas, diga-se de passagem, pelas inúmeras manchetes e fotos inseridas na Internet, esse Fernando Pinto carnavalesco mereceu toda essa glória por seu talento explícito. Afinal, durante 16 anos consecutivos, daria a vitória a tradicionais escolas de samba cariocas, como Salgueiro e Mangueira, escrevendo enredos sensacionais, nos quais exaltava a brasilidade de nosso povo. Criôlo alto e simpático, ele também era famoso por ser um ostensivo boiola.
Quanto a isto, a livre opção era exclusivamente dele. Mas como também estou na lista dos FPs, faço questão de esclarecer, respeitosamente: este cara não sou eu!