Henrique é um monstrinho que, literalmente, comia os livros. Até que um dia alguém lhe ensinou a lê-los, em vez de devorá-los. Esse personagem faz parte do projeto Devoradores de Livros – viajando pelo mundo da leitura, da Escola Classe 43 de Ceilândia (EC 43), no Setor P Sul, mas que já ultrapassou as fronteiras da instituição e ganhou as ruas da cidade, ao envolver professores, alunos, pais e comunidade.
A diretora Gracielle Bezerra Mendes, idealizadora do projeto, lembra que deu o pontapé inicial em 2014, na EC25, quando era supervisora pedagógica. Ao chegar na EC 43, em 2017, ela intensificou o Devoradores de Livros, apresentando o monstrinho extraterrestre Henrique e sua prima Manu, os quais vêm convidando as crianças a entrarem no mundo encantado da leitura.
“Os índices de avaliação das duas escolas melhoraram desde que as crianças criaram o hábito de ler e escrever”, afirma Gracielle, ao destacar que os mascotes, em suas visitas, estimulam e inspiram os alunos a se transformarem em devoradores de livros, enquanto viajam pelas histórias dos contos de fadas, resgatando um contato maior com os clássicos da literatura infanto-juvenil.
Além disso, a escola convida escritores locais para apresentarem suas obras em eventos organizados pela instituição, como oficinas, o arraial literário e a feira empreendedora.
O brilho do cordel
Nas oficinas, a grande estrela tem sido a literatura de cordel apresentada pelo escritor e orientador educacional Raimundo Nonato Sobrinho, morador de Ceilândia. Neste ano, ele já realizou quatro oficinas de cordel naquela escola, para turmas do 5º ano.
“Em cada oficina, ele mostra o cordel de uma forma interessante, criativa, prendendo a atenção dos estudantes”, observa a professora Elienice Souza, ao ressaltar que é uma apreciadora da literatura de cordel, até porque é descendente direta de nordestinos, oriundos do berço da cultura popular.
Atualmente, Ceilândia abriga quase 70 por cento de nordestinos, sendo reconhecida pelo poder público como a Capital da Cultura Nordestina do DF. Raimundo Sobrinho lembra que já realizou, somente neste ano, 29 oficinas presenciais de cordel, em dez escolas.
“Na EC 43 tive uma receptividade muito interessante por conta do projeto Devoradores de Livros, incentivador da literatura”. Sobrinho conta que seu projeto Cordel e seus encantos foi bastante apreciado pelos estudantes, tanto que já ficou acordado, para o ano que vem, a realização de mais oficinas na escola e em muitas outras, movimentando a cultura da cidade. “Cada oficina que faço é como se fosse a primeira, causando-me entusiasmo para propagar essa linda literatura”, observa.
Empolgada, a diretora Gracielle Mendes afirma que o projeto seguirá firme em 2022, com a possibilidade de se apresentar para outras instituições, envolvendo alunos, famílias, professores e funcionários em um rico trabalho de expansão do conhecimento por meio da leitura e da escrita. “Todos já estão na expectativa de verem o que o Henrique vai trazer de novidades no próximo ano”, arremata.
Poesia
O monstrinho Henrique
Raimundo Sobrinho
Na nossa escola temos
O grande devorador.
Que depois evoluiu
E se tornou um leitor.
Eu estou falando dele
Nosso monstrinho Henrique.
Agora inteligente
É bem letrado e chique.
Na leitura encontrou
Um mundo bem divertido.
E hoje no universo
É o monstro mais sabido.
Viaja pelos planetas
Conhece novas culturas.
Com sua prima Manu
Nas mais lindas aventuras.