Da Redação
A professora Celiana Mota Rodrigues Soares, do CEF 16 de Ceilândia, é uma das três finalistas do Prêmio Professor Transformador, promovido pelo Instituto Significare com a Bett Brasil. Os vencedores de cada categoria serão anunciados durante a Bett Brasil 2022, que ocorre de 10 a 13 de maio em São Paulo, no Transamerica Expo Center.
Foram mais de 900 projetos inscritos e 350 selecionados. Na segunda classificação, ficaram apenas 12 projetos de todo o Brasil, sendo 3 finalistas em cada categoria da premiação (ensinos fundamental, infantil e médio).
Segundo a representante do Distrito Federal, seu objetivo é incentivar a leitura de textos, poesias e músicas, e suscitar debates sobre democracia, cidadania, direitos humanos, relações étnico-raciais, equidade de gênero e cultura de paz na escola.
“Cansei de ver o CEF 16 nas páginas policiais ou em TVs sensacionalistas. Valorizar a educação e o melhor dos nossos estudantes é a missão mais poderosa que uma professora pode oferecer numa escola de periferia. Eu amo ser professora e meu sonho é que o CEF 16 de Ceilândia seja referência de positividade e superação”, diz a professora, com os olhos brilhando.
Pensar no emocional
O Projeto Desiderata nasceu da necessidade de pensar no emocional dos alunos. Começou despretensioso, no primeiro semestre de 2019. “Três amigas minhas foram fazer uma roda de conversa com 45 alunos. Três alunas ficaram tão empolgadas que pediram outras rodas de conversa, porque foi muito bom!”, conta Celiana.
A segunda edição do projeto contou com a participação de 100 estudantes. Com a pandemia, as rodas de conversa migraram para o ambiente virtual, e outros professores também participaram. “Foi quando eu tive o apoio da escola e dos meus colegas, que perceberam como é legal fazer esses bate-papos”.
Nessas rodas de conversa os estudantes despertam para a realidade do racismo estrutural, aprendem a identificar um relacionamento abusivo, pois não acham mais que é corriqueiro.
Projeto transformador
Para este ano, está nos planos da professora Celiana fazer o Desiderata multidisciplinar e o Desiderata comunidade, convidando os pais a participar das rodas de conversa. “Foram minhas colegas que me incentivaram a fazer a inscrição nesse concurso, eu nem acredito que sou finalista”, conta Celiana.
A professora conta como cada aluno responde de forma diferente aos estímulos críticos do projeto:
“Um aluno disse que não estava bem, e eu disse a ele para extravasar de alguma forma. Ele começou a escrever poesias. Nossa! Eu me emociono só de lembrar. Esse aluno me disse que quando começou a escrever poesia, saiu da depressão. Aí eu lembro da carinha deles me contando isso, e me emociono muito. Trabalhamos com vidas, eles são pessoinhas que precisam de quem os pegue pelas mãos para ajudar”.
E a professora Celiana conclui: “O projeto não é transformador só para os alunos. Eu mudei muito. Ao cuidar desse projeto, eu me transformei, e hoje sou outra pessoa”.